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Júlia Valentina da Silveira Lopes nasceu a 24 de Setembro de 1862, num casarão da Rua do Lavradio, n.º 53, na cidade do Rio de Janeiro, filha da pianista e professora Antonia Adelina Pereira da Silveira Lopes (1830–1895) e do médico e pedagogo Valentim José da Silveira Lopes (1830–1915).
Chegado ao Brasil em 1860, Valentim fundou o Colégio Humanidades, que transferiu, três anos depois, para Friburgo, onde a família viveu até 1867.
Após completar cursos de especialização no estrangeiro, Valentim abandonou a carreira de educador para se dedicar à Medicina, primeiro na Beneficência Portuguesa do Rio e, a partir de 1869, em Campinas, São Paulo. Em 1890, foi agraciado com o título de Visconde de São Valentim. O casal teve sete filhos: Adelina Amélia, Maria José, Valentim, Adelaide Elisa, Augusto, Júlia e Alice.
Aos 19 anos, em 1881, quando a família vivia em Campinas, Júlia descobre-se escritora e, incentivada pelo pai, publica a sua primeira crónica — Gemma Cuniberti — no jornal Gazeta de Campinas, do qual se tornaria colaboradora regular.
Por intermédio da irmã Adelina, que vivia no Rio, conhece o poeta e jornalista Filinto de Almeida, director e fundador, juntamente com o escritor Valentim Magalhães, do semanário literário A Semana.
Em 1886, os pais decidem passar uma temporada em Portugal e levam com eles as filhas solteiras, Alice e Júlia — esta já noiva de Filinto. No Rio de Janeiro, o poeta publica, com sucesso, o seu primeiro livro de poesia, Lyrica, cujo soneto inaugural, “Partida”, é dedicado à saudade por Júlia. Logo depois, é nomeado para ir a Lisboa acompanhar a impressão dos Anais da Câmara de Deputados de São Paulo. Júlia e Filinto casam-se a 28 de Novembro de 1887, na Igreja de São Domingos, em Lisboa.
Após uma viagem de núpcias por vários países da Europa, regressam ao Rio, onde nasce, em 1888, o primeiro dos seis filhos do casal, Afonso — poeta, jornalista e diplomata. Filinto naturaliza-se brasileiro. Com a Proclamação da República, em 1889, Filinto assume a direcção do jornal A Província de S. Paulo, a convite de Júlio Mesquita, recém-eleito deputado federal. A sua primeira medida é mudar o nome do jornal para O Estado de S. Paulo.
É em São Paulo que nascem e morrem, ainda nos primeiros meses de vida, os filhos Adriano (1890) e Valentina (1892). As perdas são o ponto de ruptura que leva o casal a regressar ao Rio, após cinco anos em São Paulo. Vão viver na casa do Visconde de São Valentim, onde, em 1894, nasce Albano (desenhador e pintor). Mais tarde, mudam-se para o bairro de Santa Teresa, onde nascem Margarida (escultora e declamadora) e Lúcia (pianista).
Em 1904, já consagrada como escritora, o casal constrói uma casa na Rua Joaquim Murtinho, que se torna célebre pelos saraus promovidos no seu Salão Verde, frequentado pela elite intelectual da época: Olavo Bilac, João Foca, João Luso, Carmen Dolores, Júlia Cortines, Maria Clara Cunha Santos, entre outros. João do Rio descreveu a casa como um verdadeiro “Lar de Artistas”.
Entre 1925 e 1931, Júlia e Filinto viveram em Paris, acompanhando a filha Margarida, bolseira em escultura. O seu último livro, Pássaro Tonto, foi escrito durante essa temporada europeia.
Júlia faleceu de malária a 30 de Maio de 1934, no Rio de Janeiro, oito dias após regressar de África, para onde viajara em busca da filha Lúcia, que se encontrava doente.
Lista de obras lidas e com recensão aqui no blog: