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[Opinião] A Brasileira de Prazins - Camilo Castelo Branco

 


Título: A Brasileira de Prazins

Série: -

Autor: Camilo Castelo Branco

Data de Leitura: 31/08/2018 ⮞ 10/09/2018

Classificação: 


Sinopse

«Ainda dentro deste ângulo formal, destaco a visão simultaneamente pessimista e cómica que Camilo desenvolve sobre a humanidade. O nosso autor está disponível para observar o mal e a estupidez sem filtros ou intelectualismos, mas embrulha essa maldade não numa roupagem trágica (que seria a minha preferida, confesso) mas numa capa irónica a Laurence Sterne.» Henrique Raposo, in Prefácio


Minha review no GoodReads

3,5⭐️

Camilo Castelo Branco que é conhecido pelas suas obras românticas aderiu, em 1882 , ao realismo com esta A Brasileira de Prazins.
O romance narra o amor entre Marta e José Dias que veem o seu relacionamento ser desfeito pelo pai de Marta, um comerciante ganancioso, que a promete em casamento a um tio que fez fortuna no Brasil. Com uma brilhante utilização da nossa língua Camilo retrata, recorrendo à sátira, a vida social, familiar e política daquele tempo.

 

[Opinião] Sangue na Piscina - Agatha Christie

 



Título: Sangue na Piscina

Série: Hercule Poirot #26

Autor: Agatha Christie

Data de Leitura: 27/08/2018 ⮞ 30/08/2018

Classificação: 


Sinopse

O doutor John Christow hesita entre três mulheres: Gerda, a esposa; Henrietta Savernake, amante e conhecida escultora, e Veronica Cray, uma actriz de quem esteve noivo há alguns anos. Lady Angkatell convida Hercule Poirot - que arrendou uma casa no mesmo bairro -, para almoçar. Quando chega, este depara-se com um terrível acontecimento: o Dr. Christow jaz numa poça de sangue ao lado da sua tímida esposa Gerda que empunha uma arma.


Minha review no GoodReads

Um pouco diferente daquilo que estava à espera, mas uma leitura interessante para os momentos passados na piscina (de preferência sem sangue).



 

[Opinião] Os Fidalgos da Casa Mourisca - Júlio Dinis

 



Título: Os Fidalgos da Casa Mourisca

Série: 

Autor: Júlio Dinis

Data de Leitura: 18/08/2018 ⮞ 21/08/2018

Classificação: 


Sinopse

A obra conta a história dos fidalgos Negrões de Vilar dos Corvos, uma família abalada por várias tragédias que vive na Casa Mourisca. Na altura em que se desenrolam os acontecimentos mais importantes da história, a família está reduzida a três membros: D. Luís Negrão de Vilar de Corvos, um "velho sexagenário, grave, severo e taciturno", e os seus dois filhos mais novos, Jorge e Maurício.


Minha review no GoodReads

Os Fidalgos da Casa Mourisca é uma obra passada numa aldeia do Alto Minho e que através de uma história de amor põe a nu o confronto entre a burguesia em ascensão e a queda de uma nobreza caduca e falida.
Os relacionamentos entre as famílias Negrões de Vilar dos Corvos e Tomé são o foco principal desta história, no entanto, Júlio Dinis, aflora também, ainda que levemente, as diferenças entre conservadores e liberais.

Curiosidades (pelo menos para mim que não fazia a mínima ideia):

🎥 Há um filme/teleteatro de 1963 baseado nesta obra.



📺 Foi exibida uma novela, na TV Record – Brasil, em 1972 e com cerca de 100 capítulos.

Só não leva 5⭐️ porque não gosto de histórias de amor que acabem bem - manias minhas!


 

[Opinião] O Que Fazem Mulheres - Camilo Castelo Branco

 


Título: O Que Fazem Mulheres

Série: 

Autor: Camilo Castelo Branco

Data de Leitura: 17/08/2018 ⮞ 18/08/2018

Classificação: 


Sinopse

Escrito como paródia aos folhetins românticos, O Que Fazem Mulheres começa com um diálogo entre mãe e filha: a primeira tenta convencer a segunda a casar-se por dinheiro e não por amor. Esta é a história de Ludovina, uma jovem bela, de origem fidalga, mas sem dote que lhe possa arranjar marido.

Sem intenções sérias, namora-a Ricardo de Sá, ambíguo «homem fatal», que dela diz esta frase desonrosa: «Lisonjeia um amante, mas não pode satisfazer as complicadas necessidades dum marido.» E há outro homem, João José Dias, regressado do Brasil, muito rico, muito velho, muito gordo.

Esta é, afinal, a história em que o fortuito arremesso de um charuto desencadeia excessos emocionais, nos quais encontraremos, como Camilo anuncia, «bacamartes e pistolas, lágrimas e sangue, gemidos e berros, anjos e demónios».

Publicado em 1858, O Que Fazem Mulheres é um «romance filosófico», no sentido em que dele se podem retirar lições, por meio de máximas que exprimem uma filosofia da vida ou que proclamam ideias gerais sobre os dramas e os sentimentos do ser humano.



Minha review no GoodReads

A descrição de João José Dias, no capítulo III, matou-me!

Que escrita maravilhosa, que diálogos fantásticos.

 

[Opinião] Hoje Preferia Não Me Ter Encontrado - Herta Müller

 



Título: Hoje Preferia Não Me Ter Encontrado

Série: -

Autor: Herta Müller

Data de Leitura: 10/08/2018 ⮞ 17/08/2018

Classificação: 


Sinopse

«Fui intimada.» Na viagem de elétrico que a leva às instalações da Polícia Secreta, hora marcada, dez em ponto, a jovem narradora vê a sua vida passada em revista: a infância na cidade de província, a fixação semierótica no pai, a deportação dos avós, o casamento ingénuo com o filho do «comunista perfumado», a felicidade precária que vive com Paul, apesar do fardo que a bebida impõe ao amor que ela lhe dedica. No exterior: marcações intransigentes, paragens, passageiros que entram e saem, o desfilar das ruas. Tudo pretende distrair a sua atenção, que constantemente regressa ao ponto de partida: «Fui intimada.» Quase chegada ao destino, levanta-se de repente uma altercação no carro elétrico que leva o guarda-freio a saltar precisamente a paragem em que devia sair. Vê-se então numa rua desconhecida, onde descobre Paul com um velho de aspeto suspeito. Decide então não comparecer ao interrogatório.



Minha review no GoodReads


 

Herta Müller – Prémio Nobel da Literatura, 2009
”que, com a densidade da sua poesia e franqueza da prosa, retrata o universo dos desapossados”




Herta Müller nasceu em Niţchidorf, uma aldeia maioritariamente alemã, na Roménia.
O pai foi membro das Waffen-SS, a tropa de elite chefiada por Himmler na II Guerra Mundial.
A mãe foi deportada para a União Soviética, onde passou 5 anos, como trabalhadora rural.

Herta Müller estudou literatura alemã e romena na Universidade de Timisoara e fez parte do Aktionsgrupp Banat, um círculo de jovens germanófonos de oposição ao regime de Nicolae Ceauşescu (1974-1989) que defendiam a liberdade de expressão. Trabalhou como tradutora numa indústria mas a sua recusa em colaborar com a Securitate valeu-lhe um despedimento e a perseguição da polícia secreta.
Actualmente vive em Berlim.

Hoje Preferia Não Me Ter Encontrado é narrado na primeira pessoa e é a história de uma mulher, sem nome, na Roménia comunista.


“Fui intimada. Quinta-feira, dez em ponto.
Sou intimada cada vez mais vezes: terça-feira, dez em ponto, sábado, dez em ponto, quarta-feira, segunda-feira.”

Com uma certa regularidade esta mulher é intimada para prestar depoimento nas instalações da polícia secreta. O depoimento é conduzido pelo Major Albu, cuja função é descobrir mulheres que traem a pátria.
É numa dessas viagens de eléctrico – com uma duração de cerca de 1h30m – que de uma forma não linear a protagonista vai resumindo a sua vida. As temáticas abordadas são a infância na província, a fixação no pai, a deportação dos avós, o primeiro casamento com o filho do “comunista perfumado”, a amizade com Lilli, até ao difícil relacionamento que tem com o alcoólico Paul.

É uma viagem angustiante e que em alguns momentos me lembrou O Processo de Franz Kafka.



Roménia




[Opinião] Mr. Vertigo - Paul Auster


      

Título: Mr. Vertigo

Série: -

Autor: Paul Auster

Data de Leitura: 01/05/2024 ⮞ 11/05/2024

Classificação: 


Sinopse

"Tinha doze anos quando caminhei sobre as águas pela primeira vez."

Assim começa a história de Walter Claireborne Rawley, conhecido em toda a América como o Rapaz Prodígio. Estamos no final dos anos 20, a era de Al Capone, Charles Lindbergh e Babe Ruth. Walter é um órfão resgatado das ruas pelo misterioso Mestre Yehudi, que o alicia com a promessa de o ensinar a voar. Um desafio às leis da Natureza que os coloca numa situação peculiar perante o Homem, Deus e o Universo.

Unidos por tão bizarra combinação de espiritualidade e mundanismo, mestre e discípulo percorrerão uma vasta e vibrante América, onde se cruzam com pecadores, ladrões e vilões, desde o Ku Klux Klan do Kansas até à máfia de Chicago. A ascensão de Walt à fama e à fortuna espelha, em última instância, a passagem da América à maioridade; a capacidade de adaptação e resistência de ambos é constantemente posta à prova, numa história que podia ser a de cada um de nós.

Num romance que contempla com naturalidade o lado mágico e improvável da vida, é-nos revelado um segredo: voar, afinal, é fácil.


Minha review no GoodReads


Paul Benjamin Auster (1947 - 2024)



Apesar de ter muitos livros de Paul Auster na minha estante (11), só depois do anúncio da morte da última “estrela” da Literatura Americana é que decidi iniciar-me na sua obra, começando por Mr. Vertigo, atraída pela sinopse intrigante e pela reputação do romance como uma das obras mais cativantes de Auster.

É uma história que mergulha nas profundezas da alma humana, explora temas como identidade, amadurecimento e a busca pelo significado da vida.

Quando passamos muito tempo a olhar para o rosto de alguém, acabamos por ter a sensação de que estamos a olhar para nós próprios.
Estamos em 1924, e Walt Rawley, um órfão de 9 anos de idade que vive nas ruas de Nova York durante a Grande Depressão, é recrutado por um misterioso homem chamado Mestre Yehudi para aprender a arte do voo.


Não vales mais do que um animal. Se continuares assim, não chegarás vivo ao fim do Inverno. Se vieres comigo, ensinar-te-ei a voar.

Walt aceita a proposta e segue com o Mestre Yehudi para uma quinta isolada de tudo.

Estamos no Kansas. E podes crer que, em toda a tua vida, nunca viste uma terra mais plana nem mais desolada.
Os primeiros tempos não são fáceis, e como todos os miúdos, ele é rebelde e tem grande resistência a ser educado. Na quinta, Walt faz amizade com um miúdo negro, Esopo, que adora estudar e tem um conhecimento prodigioso, e ganha afeição por Mãe Sioux, neta de Sitting Bull.
Depois de ultrapassadas as primeiras dificuldades, Walt finalmente consegue completar os 33 degraus e acaba por levitar.

Tinha doze anos quando caminhei sobre as águas pela primeira vez. Foi o homem de preto quem me ensinou a fazer isso e não vou pôr-me para aqui com histórias e dizer que aprendi o truque da noite para o dia.

Após um ataque do Ku Klux Klan, Walt e Yehudi partem numa digressão pelos Estados Unidos, e a partir daqui o romance avança rapidamente. Assistimos à ascensão e queda do seu espectáculo, à carreira como gangster, à abertura do seu nightclub Mr. Vertigo e ao regresso a Wichita onde volta a encontrar Mrs. Witherspoon.

Em Mr. Vertigo, Auster convida-nos a voar além das fronteiras da realidade, onde a única queda é a da própria alma, livre para desbravar os céus da imaginação.

É aí que a coisa começa — tudo o mais vem por acréscimo. Temos de nos deixar evaporar. Temos de deixar que os nossos músculos amoleçam, temos de respirar até sentirmos a nossa alma a escoar-se de nós, e, depois, é só fechar os olhos. É assim que se faz. O vazio dentro do nosso corpo torna-se mais leve do que o ar à nossa volta. A pouco e pouco, começamos a pesar menos do que nada. Fechamos os olhos; estendemos os braços; deixamo-nos evaporar. E então, a pouco e pouco, erguemo-nos do chão.
Assim.

4,5 ⭐️

[Opinião] O Defunto - Eça de Queirós

 


Título: O Defunto

Série: -

Autor: Eça de Queirós

Data de Leitura: 17/08/2018 ⮞ 17/08/2018

Classificação: 


Sinopse

«Ela ficara sobre o escabelo, as mãos cansadas e caídas no regaço, num infinito espanto, o olhar perdido na escuridão da noite silente. Menos escura lhe parecia a morte que essa escura aventura em que se sentia envolvida e levada! Quem era esse D. Rui de Cardenas, de quem nunca ouvira falar, que nunca atravessara a sua vida, tão quieta, tão pouco povoada de memórias e de homens? E ele decerto a conhecia, a encontrara, a seguira, ao menos com os olhos, pois que era coisa natural e bem ligada receber dela carta de tanta paixão e promessa…

Assim, um homem, e moço decerto bem nascido, talvez gentil, penetrava no seu destino bruscamente, trazido pela mão de seu marido? Tão intimamente mesmo se entranhara esse homem na sua vida, sem que ela se apercebesse, que já para ele se abria de noite a porta do seu jardim, e contra a sua janela, para ele subir, se arrumava de noite uma escada!… E era seu marido que muito secretamente escancarava a porta, e muito secretamente levantava a escada… Para quê?…»


Minha review no GoodReads

O Defunto é um pequeno conto que marca a incursão de Eça de Queirós pela literatura gótica e fantástica com apontamentos da religiosidade do universo nacional.
A narrativa constrói-se a partir do tema do amor impossível e da atmosfera gótica.
A escrita de Eça de Queirós é um bálsamo para os olhos. Adorei!