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[Opinião] O Nervo Ótico - María Gainza

                       




Título: O Nervo Ótico

Série: -

Autor: María Gainza

Data de Leitura: 27/04/2025 ⮞ 28/04/2025

Classificação: 


Sinopse

Quando María Gainza escreve nestas páginas sobre as vidas incríveis de El Greco, Courbet, Fujjita ou Toulouse-Lautrec, sobre o banquete que Picasso ofereceu em honra de Henri Rousseau entre a admiração e a troça ou sobre as misteriosas razões por que Rothko se recusou a entregar ao luxuoso Four Seasons uma encomenda milionária, a sua narradora está também a falar do hospital em que o marido fez quimioterapia e onde uma prostituta andava de quarto em quarto, da decadência da sua própria família em Buenos Aires, do desapa-recimento precoce de uma amiga, do desconforto da gravidez ou até do pânico de voar. Como num museu – lugar que, aliás, frequenta muitas vezes à maneira de uma sala de primeiros-socorros –,a sua vida tem obviamente obras-primas, mas também pequenos quadros escondidos em corredores escuros e estreitos. E, no entanto, todos eles importam.O Nervo Ótico é um livro de olhares: olhares dirigidos a pinturas e a quem as contempla. Singular e inclassificável, celebra o detalhe e inaugura um género literário no qual confluem, de forma absolutamente perfeita, a história da arte e a crónica íntima, num tom que oscila entre a comédia social e a ironia trágica. Traduzido por grandes editoras em todo o mundo, esta obra de estreia, tão depressa ousada como subtil, apresenta-nos uma grande escritora contemporânea.

«Como diz María Gainza no seu excepcional O Nervo Ótico, suponho que seja sempre assim: escreve-se uma coisa para contar outra.»ENRIQUE VILA-MATAS



Minha review no GoodReads

Para memória futura (minha, claro), deixo apenas uma fotografia que não me permitirá esquecer o dia 28/04/2025.



Na sua estreia literária María Gainza oferece-nos uma obra ousada, híbrida e cativante q.b. Cruzando as fronteiras entre a autobiografia, a história da arte e a ficção, o livro compõe-se de onze capítulos que funcionam como pequenas cápsulas narrativas — independentes entre si, mas unidas por uma voz feminina que observa o mundo com aguda sensibilidade e uma paixão quase obsessiva pela pintura.


Cada capítulo parte de um artista — El Greco, Rothko, Courbet, Foujita, entre outros — para explorar pequenas histórias pessoais da narradora, sempre situada na Buenos Aires contemporânea.


Não se trata, porém, de uma análise erudita das obras ou das suas técnicas, mas de um uso livre e associativo da arte como ponto de partida para reflexões sobre a vida.


As pinturas são pretextos, espelhos, fantasmas. A narradora – uma portenha - refugia-se nos museus como quem procura abrigo num mundo em colapso. A arte, aqui, é abrigo e confronto. Ela própria diz que

Mal administrada, a história da arte pode ser letal como a estricnina.

Claro que nem tudo é perfeito. Há momentos em que a fórmula narrativa começa a mostrar sinais de repetição. Os primeiros capítulos brilham mais intensamente do que os últimos. Falta por vezes uma linha transversal, um fio narrativo que una os fragmentos com mais consistência.