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[Opinião] A Idade do Ferro - J.M. Coetzee

              


 
        

Título: A Idade do Ferro

Série: -

Autor: J.M. Coetzee

Data de Leitura: 01/03/2025 ⮞ 22/03/2025

Classificação: 


Sinopse

Na Cidade do Cabo, uma mulher, idosa e só, está a morrer de cancro. Durante toda a sua vida, conseguiu distanciar-se dos horrores e da violência do apartheid. No final dos seus dias, porém, é obrigada a confrontar-se com as dramáticas brutalidades forjadas por um regime a que sempre se opôs.

A Idade do Ferro retrata a situação de muitos sul-africanos que se viram mergulhados num clima de tensão social a que não estavam habituados nem previam; mas, ao mesmo tempo, é uma perturbante metáfora sobre um regime político que se sustentou pela injustiça até provocar uma irrupção de revolta que a todos atingiu.


Minha review no GoodReads


J.M. Coetzee – Prémio Nobel da Literatura, 2003

"que com inumeráveis disfarces retrata o envolvimento surpreendente do forasteiro"


 

A Idade do Ferro é um romance intenso e melancólico passado na África do Sul durante os últimos anos do apartheid. A protagonista, Elizabeth Curren, é uma professora universitária reformada que descobre estar na fase terminal de um cancro. Sem esperanças e distante da filha, que emigrou para os Estados Unidos, decide escrever-lhe uma longa carta, transformando a narrativa numa espécie de testemunho e reflexão sobre a sua vida e sobre o estado do seu país.

Ao longo da história, Elizabeth confronta-se com a violência e a brutalidade do regime segregacionista. A sua relação com Florence, a sua empregada doméstica negra, e, sobretudo, com Vercueil, um sem-abrigo alcoólico que se instala perto da sua casa, são catalisadores de mudanças profundas na sua visão do mundo. A morte violenta do filho de Florence durante uns protestos intensifica o seu sentimento de impotência e culpa.

A deterioração física de Elizabeth é também uma metáfora para a decadência moral e social da África do Sul. A sua dor pessoal e o sofrimento do país entrelaçam-se, evidenciando a brutalidade de um sistema que desumaniza todos. Está velha, doente e sem esperança, é um retrato da fragilidade, mas também da lucidez.

Vercueil, por mais inesperado que pareça, acaba por tornar-se a única companhia verdadeira da protagonista, acompanhando-a nos seus últimos dias. A amizade entre os dois é muito marcante.


Coetzee cria uma narrativa poderosa e profundamente angustiante e o impacto emocional que provoca é grande.


África do Sul