Título: Memorial de Maria Moura
Série: -
Autor: Rachel de Queiroz
Data de Leitura: 15/09/2024 ⮞ 06/10/2024
Classificação: ⭐⭐⭐⭐
Sinopse
Memorial de Maria Moura, Prêmio Jabuti de 1993, foi o último romance da escritora, publicado quando ela tinha 82 anos e considerado sua obra-prima. O livro se tornou sucesso de crítica e de público, principalmente após servir de base para uma minissérie de televisão, protagonizada por Glória Pires. Rachel entrou para a história da literatura brasileira por vários motivos: foi uma das precursoras do romance regionalista com O Quinze, lançado quando ela tinha 19 anos, a primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras, em 1977, e uma das melhores cronistas brasileiras do século XX. É no Brasil rural do século XIX que se passa a história de Maria Moura. Ela tinha apenas 17 anos quando encontrou a mãe morta, foi violentada pelo padrasto e viu suas terras serem cobiçadas por primos inescrupulosos. Uma mulher vulgar sucumbiria a tantas adversidades, mas Maria Moura possuía outro temperamento.
Minha review no GoodReads
— Aqui não tem mulher nenhuma, tem só o chefe de vocês. Se eu disser que atire, vocês atiram; se eu disser que morra é pra morrer.(...)Eu sentia (e sinto ainda) que não nasci pra coisa pequena. Quero ser gente. Quero falar com os grandes de igual para igual. Quero ter riqueza! A minha casa, o meu gado, as minhas terras largas. A minha cabroeira me garantindo. Viver em estrada aberta e não escondida pelos matos em cabana disfarçada como índio ou quilombola. Mas num alto descoberto, deixando ver de longe o casarão lá em cima, telhado vermelho, paredes brancas caiadas. Cavalos de sela comendo milho na estrebaria, bezerro gordo escaramuçado no pátio. Quero que ninguém diga alto o nome da Maria Moura sem me guardar respeito. Que ninguém fale com Maria Moura – seja fazendeiro, doutor ou padre, sem ser de chapéu na mão(...)Além do mais, eu tinha horror a casamento. Um homem mandando em mim, imagine; logo eu, acostumada desde anos a mandar em qualquer homem que me chegasse perto. Até com o Liberato, que era quem era — perigoso —, achei jeito de dar-lhe a última palavra.Um homem me governando, me dizendo — faça isso, faça aquilo, qual! Considerando também dele tudo que era meu, nem em sonho — ou pior, nem em pesadelo. E me usando na cama toda vez que lhe desse na veneta. Ah, isso também não.