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[Opinião] Novos Contos Da Montanha - Miguel Torga

      



        

Título: Novos Contos Da Montanha

Série: -

Autor: Miguel Torga

Data de Leitura: 1980-1989

Classificação: ⭐⭐⭐

Data de Re-Leitura: 05/12/2020 ⮞ 07/12/2020

Re-Classificação: 


Sinopse

Miguel Torga retrata nesta obra a dureza do mundo rural português recorrendo a uma linguagem simples mas cuidada. Histórias que giram em torno de personagens duras e terrosas que têm como cenário de fundo a paisagem transmontana que ilustram o confronto do homem contra as leis divinas e terrestres que o aprisionam.

Contos:

O Alma-Grande | Fronteira | O Pastor Gabriel | Repouso | O Caçador | O Leproso | Destinos | O Lopo | O Sésamo | Mariana | Natal | Névoa | Renovo | O Regresso | A Confissão | O Milagre | O Artilheiro | Teia de Aranha | A Festa | O Marcos | A Caçada | O Senhor


Minha review no GoodReads

Miguel Torga é o pseudónimo literário adoptado pelo médico Adolfo Correia Rocha. O nome não foi escolhido aleatoriamente: “Miguel”, em homenagem múltipla a Miguel de Cervantes, Miguel de Unamuno, Miguel Ângelo e Miguel Arcanjo; e “Torga”, em referência à vegetação arbústea das montanhas da região de Trás-os-Montes, evocação de resistência e ligação com a terra.

Escrevo-te da Montanha, do sítio onde medram as raízes deste livro. (...) Encontrei tudo como o deixei o ano passado, quando da primeira edição dessas aventuras.
Apenas vi mais fome, mais ignorância e mais desespero. Corre por estes montes um vento desolador de miséria que não deixa florir as urzes nem pastar os rebanhos.
Prefácio à segunda edição

Os Novos Contos da Montanha nasceram cerca de três anos depois da edição, no Brasil, de Contos da Montanha.

Acrescentado e com bastantes remendos na vestimenta já várias vezes remendada, sai novamente impresso este livro, mais feliz do que seu irmão gémeo, Contos da Montanha, desterrado no Brasil.
Prefácio à quinta edição

A colectânea Novos Contos da Montanha inclui vinte e dois contos, e a paisagem de Trás-os-Montes e as suas gentes no ano de 1944 são respetivamente, o espaço, as personagens e o tempo da obra.

Gostei de todos os contos, mas estes foram o que mais se destacaram

Alma-Grande – Uma história com três personagens (Alma Grande, Isaac e Abel) levanta as grandes questões que se prendem com a fronteira entre a vida e a morte, designadamente a eutanásia.

Bem que se lhe avivava na consciência a certeza de que era matar a razão do seu destino! Em vão. O puro instinto não tinha coragem para empurrar aquelas mãos e aquele joelho diante de uma testemunha. Ergueu-se. Com o rosto coberto por um pano de lividez igual à do agonizante, voltou-se.

Fronteira- A aldeia que tem a economia baseada no contrabando. O jogo do gato e do rato entre os contrabandistas e as autoridades, e claro uma história de amor entre o guarda Robalo e Isabel.

E aí começam ambos a trabalhar, ele em armas de fogo, que vai buscar a Vigo, e ela em cortes de seda, que esconde debaixo da camisa, enrolados à cinta, de tal maneira que já ninguém sabe ao certo quando atravessa o ribeiro grávida a valer ou prenha de mercadoria.

Leproso - Depois de descobrir o nome da terrível doença que deforma o seu corpo Julião é renegado pela sua comunidade. À medida que a solidão avança começa a ter sentimentos de ódio e vingança.

Renovo - O jovem Pedro é acometido por uma doença que vai dizimando as aldeias e também a sua família.

A pobre Felisberta tinha pago o seu tributo com três filhas, dois netos e o marido. Restava-lhe apenas aquele filho, que a cada instante a renovava. E todo o seu instinto de mulher estava ali, suspenso de respiração e dos olhos da última semente.

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1ª leitura feita na década de 80 do século XX