Série: -
Autor: R. F. Kuang
Data de Leitura: 01/08/2025 ⮞ 06/08/2025
Classificação: ⭐⭐⭐
Sinopse
Athena Liu é adorada no mundo literário e June Hayward é literalmente ninguém.
Mentiras inocentes.
Quando Athena morre num estranho acidente, June rouba o seu manuscrito não publicado e publica-o como se fosse seu sob o nome ambíguo de Juniper Song.
Humor negro.
Mas à medida que as provas ameaçam o seu sucesso roubado, June descobre até onde está disposta a ir para proteger o seu vergonhoso segredo e manter o sucesso que acredita merecer.
Consequências fatais.
O que acontece de seguida é inteiramente culpa de toda a gente.
Minha review no GoodReads
Entre inveja, oportunismo e fama fácil, não sobra espaço para uma única personagem decente.
Impostora / Yellowface, de R.F. Kuang, é um daqueles livros que se lêem com o sobrolho franzido. Não porque a prosa seja particularmente complexa, mas porque a sensação de desconforto instala-se cedo e não desaparece.
A história começa com uma morte súbita e uma decisão moralmente duvidosa — o que, na verdade, serve de pista para tudo o que se segue.
Temos June Hayward, escritora branca com uma carreira medíocre, que presencia a morte acidental da sua colega Athena Liu, uma autora sino-americana em ascensão meteórica. Enquanto espera pelo INEM lá do sítio, June aproveita-se do momento para roubar o manuscrito inédito da falecida.
Mais tarde, reescreve-o, publica-o com um nome racialmente ambíguo — Juniper Song — e lança-se ao estrelato. A partir daqui, é sempre a descer. Ou a subir, dependendo do ponto de vista.
A narrativa mergulha em temas como apropriação cultural, privilégio branco, o cinismo da indústria editorial e a toxidade das redes sociais. Kuang não poupa ninguém, os agentes, os editores, os leitores, os “aliados”, os “canceladores” de serviço — todos entram no retrato.
É tudo um enorme jogo de aparências, egos inflados, falsas virtudes e hipocrisias bem embaladas. E há muito de verdadeiro nisto tudo.
June é insuportável. Não é uma vilã de mão cheia, mas uma personagem cheia de pequenas mesquinhices, inseguranças e autojustificações.
Há sátira, sim, mas nem sempre bem afiada.
E o final… bem, o final é só péssimo. Apesar disso, é uma leitura interessante, mas muito YA para o meu gosto.