Série: -
Autor: Miranda Cowley Heller
Data de Leitura: 11/07/2025 ⮞ 19/07/2025
Classificação: ⭐⭐⭐⭐
Sinopse
Romance de estreia que se passa em um único dia tem personagens realistas e conta uma poderosa história sobre relações familiares e amorosas
Minha review no GoodReads
— Os colibris são os únicos pássaros que conseguem voar para trás (…)
— Se eu pudesse voar para trás, voava (…)
E ele, como sempre fazia, disse:
— Eu sei.
O Palácio de Papel é uma viagem com alguma intensidade, entre o presente sufocante de um dia de Verão em Cape Cod e os múltiplos fragmentos de um passado marcado por silêncios, violência, perdas e amor não resolvido.
A história alterna entre estes dois tempos e revela, pouco a pouco, a vida de Elle, a infância complexa, as relações familiares disfuncionais, os traumas enterrados e, sobretudo, o triângulo amoroso que a coloca entre a estabilidade do marido, Peter, e o amor visceral por Jonas.
O Palácio de Papel não é apenas cenário, é metáfora.
(…) os pavilhões eram sólidos — casas impermeáveis que haviam suportado inúmeros invernos agrestes, tempestades, gerações de famílias e suas questiúnculas. (…) as paredes interiores e os tetos com cartão prensado Homasote, barato e prático (…)
E Elle, tal como a casa de verão, está em suspenso. Resistir ou ceder, esquecer ou recordar, partir ou ficar.
Há muitos assuntos abordados neste romance — o que, por vezes, pode parecer excessivo — mas a autora consegue construir uma protagonista complexa, contraditória, cheia de falhas e impulsos, que se revela nas suas ambiguidades e que, mesmo nas decisões mais dolorosas, se aproxima de nós.
Dei-lhe quatro estrelas porque custa-me a acreditar que o relacionamento pontual entre Elle e Jonas sustente, de forma convincente, um amor tão visceral.
Mesmo assim, fica a pergunta: será possível, como os colibris, voltar para trás? E, se fosse, teríamos coragem para fazê-lo?