Título: Tatuagens de Luz - Para uma imagem de Leonor de Almeida
Série: -
Autor: Cláudia Clemente
Data de Leitura: 12/06/2025 ⮞ 18/06/2025
Classificação: ⭐⭐⭐⭐
Sinopse
udo começou com um quadro: Leonor, esteticista e amiga da minha avó desde os anos 50, vendeu-lhe uma pintura surrealista, de João Moniz Pereira, que teria pertencido a Alexandre O’Neill. Resolvi seguir o rasto da senhora, na esperança de obter mais informações sobre a tela, e descobri Leonor de Almeida — não a Marquesa de Alorna, com quem partilha o nome —, mas uma das mais invulgares poetas do século XX.
Leonor, que se disfarçava usando uma peruca quando trabalhava como esteticista, foi uma autora surpreendente, aclamada pelos mais importantes críticos da época, de João Gaspar Simões («dos melhores poetas portugueses contemporâneos») a Jacinto Prado Coelho («dos casos mais extraordinários da poesia portuguesa»). A sua obra foi incluída em antologias, como a Antologia da Novíssima Poesia Portuguesa (1959), de Maria Alberta Menéres e E.M. de Melo e Castro, ou a Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica (1965), de Natália Correia. Colaborou com poemas, artigos e entrevistas nos principais jornais e revistas dos anos 40 e 50. Viveu em Londres, Paris, Copenhaga. Publicou quatro livros de poesia. Depois desapareceu, e foi esquecida.
Minha review no GoodReads
Depois de ter lido Na Curva Escura dos Cardos do Tempo: Poesia Reunida, fiquei muito curiosa com o desaparecimento de Leonor de Almeida do mundo das letras. Para matar a curiosidade, tinha de ler Tatuagens de Luz, que é como se estivéssemos a ver um documentário, mas em forma escrita.
Neste livro, Cláudia Clemente faz um verdadeiro trabalho de resgate literário.
Tudo começou com o quadro de Moniz Pereira, datado de 1949, que pertenceu primeiro à avó de Cláudia, depois à mãe, e que após o seu falecimento lhe chegou como parte da herança.
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Moniz Pereira, 1949 |
E um dia acordei após mais uma noite mal dormida e decidi que estava na altura de fazer alguma coisa. Algo que me impedisse de enlouquecer. E então lembrei-me do Moniz, da forma como me chegara às mãos.Segundo a minha mãe, o quadro surrealista tinha-nos sido vendido pela esteticista da minha avó (…) A senhora, além de esteticista da minha avó, era também poeta.«Poeta?», perguntara eu, céptica perante a junção de tão díspares profissões e antevendo, talvez, sonetos de gosto duvidoso rabiscados num caderninho de linhas ao domingo à tarde.«Não sejas preconceituosa. Vai ler a obra dela», (…)Lamento não ter dado ouvidos na altura ao desafio da minha mãe.(…)Quando, vinte e tal anos mais tarde, me embrenhei no que viria a ser esta cruzada, tentei recordar com precisão as suas palavras, toda a preciosa ainda que escassa informação que me dera acerca da Leonor.