Série: -
Autor: Carolina Nabuco
Data de Leitura: 12/10/2022 ⮞ 25/10/2022
Classificação: ⭐⭐⭐
Sinopse
A Sucessora une prosa intimista e psicológica ao dar voz a uma protagonista feminina: Marina, jovem criada na fazenda, que se casa com o viúvo Roberto Steen. Ao mudar-se para a mansão dele, no Rio de Janeiro, Marina se depara com o retrato de Alice, a falecida esposa, e passa a sentir a presença dela. Num ambiente em que muitos a comparam à primeira Madame Steen, seu amor por Roberto resistirá ao fantasma de uma mulher tão especial?
Minha review no GoodReads
Na década de 80 tentei por diversas vezes comprar Rebecca, mas a edição da Livros do Brasil (acho que era a única que havia, ou a única que eu conhecia) estava sempre esgotada e por isso é um dos livros que ainda hoje não tenho. Na altura consegui que uma amiga me emprestasse o dela, e li-o. Gostei tanto que acabei por ir ver o filme do Hitchcock à Cinemateca ou ao Quarteto, já não me lembro.
Há uns 2 ou 3 anos vi um excelente documentário na RTP 2 sobre a Daphne du Maurier e fiquei curiosa com toda a polémica sobre o possível plágio da autora no seu livro Rebecca.
Parti para este A Sucessora, de Carolina Nabuco, sem qualquer tipo de pré-conceito, até porque há quem diga que esta história também tem alguns pontos de contacto com Encarnação de José de Alencar publicado em 1893.
Enfim, Carolina “plagiou” Alencar e foi “plagiada” por Daphne, um verdadeiro triângulo literário.
Há muitos pontos de contacto entre A Sucessora e Rebecca, isso é inegável. Se é plágio ou não, pouco me importa.
O romance conta a história de uma jovem frágil e totalmente assarapantada com a imensa responsabilidade de substituir a primeira esposa do seu marido, sempre lembrada e amada por todos como uma mulher única e de personalidade marcante. À medida que vamos avançando na narrativa há um certo clima de “terror” psicológico que se intensifica a ponto de Marina, a protagonista, quase enlouquecer obcecada com a memória da falecida impregnada em cada assoalhada e nas recordações daqueles que com ela conviveram.
O que achei mais interessante é o retrato da época, o confronto entre duas faces do mesmo país. O Rio de Janeiro que representa a modernidade, liberdade e a alegria e a Fazenda Santa Rosa, de onde vem Marina, que representa o conservadorismo, o atraso, as crendices e as regras arcaicas.
Gostei, mas não é uma história que me tenha arrebatado. Acredito que se lesse Rebecca hoje o sentimento seria igual. Vamos lá ver o que acontece com Encarnação.