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[Opinião] À Procura da Manhã Clara - Ana Cristina Silva

       



Título: À Procura da Manhã Clara

Série: -

Autor: Ana Cristina Silva

Data de Leitura: 08/10/2022 ⮞ 22/10/2022

Classificação: 


Sinopse

Annie Silva Pais, filha de Armanda e Fernando Silva Pais, trocou o marido e uma vida confortável na sombra do Estado Novo pelos ideais da revolução cubana. E por amor. Assumiu paixões tão ardentes como o fogo revolucionário e tornou-se tradutora e intérprete, membro confiado da equipa de Fidel Castro, à qual pertenceu até morrer. Para trás deixou a família e Portugal, onde regressou apenas em 1975, em trabalho e também para interceder pela libertação de seu pai, que nunca deixou de amar. Silva Pais foi o último diretor da PIDE.

Que mulher foi Annie? O que a motivou? O que leva uma filha do regime - filha de um dos homens fortes do regime -, casada com um diplomata suíço, a largar tudo e encontrar um propósito como militante da revolução cubana? Mais: o que guardava o seu coração?

Ana Cristina Silva combina realidade e ficção num romance tão sedutor como a figura desta mulher. Pesando factos e indícios, oferece-nos um retrato pleno de intimidade - e humanidade - numa irresistível galeria de personagens, de entre as quais sobressai Che Guevara, o grande amor de Annie.



Minha review no GoodReads


À procura da Manhã Clara é sobre a vida de Annie Silva Pais, filha única do último director da PIDE - Polícia Internacional e de Defesa do Estado.


Annie foi educada nas mais tradicionais regras conservadoras da época e do regime. A mulher existia para ser a mãe extremosa, a esposa dedicada, uma verdadeira fada do lar, submissa ao poder patriarcal do pai, do irmão e, mais tarde, do marido.


Embora Annie tivesse um espirito rebelde e fosse uma mulher de grandes paixões acaba por “fazer a vontade” à mãe e casar com um diplomata suíço, Raymond Quendoz.


Em 1962 o marido é colocado na embaixada Suíça em Cuba e ambos partem de Lisboa para Havana.

Em Cuba tudo mudou, Annie acabou por se divorciar e juntou-se ao ideal comunista - uma posição completamente contrária à da família que era de apoio total ao regime salazarista – trabalhou como tradutora, fez parte do aparelho e dos Comités de Defesa da Revolução, em suma fez parte da revolução cubana e foi uma pessoa da confiança do regime de Fidel Castro.


Quando se deu o 25 de Abril de 1974 - o dia do Holocausto para a mãe de Annie - o pai foi preso e Annie regressou temporariamente a Portugal.


Esta foi a parte que mais interessante porque faz parte da nossa história recente (vivida por mim e por grande parte daqueles que irão ler o livro). Recordou-me o 25 de Abril (ao qual eu assisti porque tinha acabado de chegar a Portugal), o Verão Quente de 1975, o PREC, o 25 de Novembro, à subida da Aliança Democrática ao poder com Sá-Carneiro como Primeiro-Ministro, o acidente de Camarate e os primeiros tempos de Cavaco Silva.


Annie acabou por regressar a Cuba após a morte do pai, e é por lá que terminou os seus dias.


Um dos pontos negativos neste romance são as personagens que gravitam em torno de Annie. Não ficamos a conhecer verdadeiramente nenhuma, e mesmo a mãe, a grande antagonista de Annie, pareceu-me simplória e sem profundidade.