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[Opinião] África Minha - Isak Dinesen / Karen Blixen


                    

Título: África Minha

Série: 

Autor: Isak Dinesen / Karen Blixen

Data de Leitura: 29/12/2024 ⮞ 14/01/2025

Classificação: 


Sinopse

Quando era rapariguinha estava bem longe de pensar ir um dia para África, e nem sonhava sequer que uma quinta em África fosse um lugar em que poderia sentir-me perfeitamente feliz’’, Karen Blixen Karen Blixen partiu para o Quénia, em 1914, para dirigir uma plantação de café. Em 1931, a falência do projecto, levou-a a regressar à Dinamarca onde escreveu um livro relatando as suas experiências.

África Minha é uma celebração da sua vida no Quénia, dos amores que aí teve, da sua solícita amizade com os povos da região e da relação com a paisagem e os animais. Uma obra que termina com uma enorme sensação de perda e que é uma das mais belas narrativas sobre África.


Minha review no GoodReads


Karen Christence, baronesa de Blixen-Finecke, conhecida pelo pseudónimo de Isak Dinesen, casou-se em 1914 com o barão sueco Bror von Blixen-Finecke, e foram viver para o Quénia para gerir uma propriedade agrícola.


É um romance autobiográfico que narra o período que Karen viveu nas colinas de Ngong.



Tive uma fazenda em África, no sopé das montanhas Ngongo.


A quinta, que, para além de produzir café, também se dedica à agricultura, é rodeada por florestas habitadas tanto por animais selvagens como por povos nativos, como os Masai e os Kikuyus. Há também contacto com outros povos que vivem perto de Nairobi e junto ao mar, como os somalis e os suaílis.

Foram dezassete anos de amor por África que Karen Blixen recorda através de histórias passadas na quinta, com os seus funcionários ou com as visitas que eram frequentes, bem como episódios com os nativos e os animais selvagens.

À medida que a narradora percorre as suas memórias, descreve uma paisagem que se aproxima de um paraíso.


Os panoramas eram imensamente vastos e tudo o que se avistava evocava a grandeza, liberdade e uma incomparável nobreza.

(…)

Lá no alto, nos cumes, respirava-se com facilidade, inalando uma confiança vital e leveza de coração. Quando se acordava de manhã pensava-se: “Aqui estou eu, onde devia estar.”

(…)

É quando se começa a perder a consciência da liberdade e a necessidade entra no mundo, quando surge a pressa e a tensão, uma carta que se tem de escrever ou um comboio para apanhar, quando se tem de trabalhar, de fazer galopar os cavalos de sonho ou de disparar as espingardas, que o sonho inicia o seu declínio, transformando-se no pesadelo, que pertence à classe de sonhos mais pobre e mais grosseira.

(…)

A cigarra canta uma cantiga interminável na erva alta, odores correm sobre a terra e estrelas cadentes correm no céu, como lágrimas numa face.


A história de amor entre Karen e Denys Finch-Hatton é apenas uma pequena parte deste livro, e foi transformada no filme Out of Africa de 1985.

É um dos filmes e uma das bandas sonoras da minha vida.


É impossível não recordar as imagens fantásticas do filme quando ambos sobrevoam África.



Os dois viveram uma tórrida história de amor entre 1926 e 1931 que termina de forma trágica com a morte de Finch-Hatton num acidente de avião. É nas colinas do Ngong que Denys é enterrado, com vista para as planícies. É no seu túmulo que mais tarde dois leões aparecem e se sentam.


(…) muitas vezes, ao nascer e ao pôr do Sol, viram leões sobre a sepultura de Finch-Hatton nas montanhas. Um leão e uma leoa foram até lá e estiveram muito tempo de pé, ou deitados, em cima da campa.


Depois de vendida a quinta por problemas na produção e rentabilização das culturas, Karen regressa à Dinamarca e, no momento da despedida do Quénia, quando está no comboio, contempla uma última vez aquele pedaço de África:

Dali avistei as montanhas Ngongo, a sudoeste. A nobre ondulação da cordilheira erguia-se acima da terra muito plana que a cercava, como que tingida de azul. Mas estava tão distante que os quatro picos pareciam insignificantes, quase invisíveis, diferentes do que eram quando os olhávamos da fazenda. E os contornos das montanhas apresentavam-se indistintos, aplanados pela mão da distância.


Karen Blixen não só escreve de forma maravilhosa, como também conseguiu captar na perfeição o espírito e a essência de África, transmitindo o respeito pela natureza e pela vida selvagem. Apenas quem esteve no continente sabe o quão inesquecíveis são as noites africanas, a força da chuva e do sol, o cheiro da terra depois da chuva, os pores-do-sol únicos e irrepetíveis, e a vastidão impressionante das planícies povoadas pelos seus animais selvagens.