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[Opinião] Ai de ti, Copacabana - Rubem Braga

 




Título: Ai de ti, Copacabana

Série: -

Autor: Rubem Braga

Data de Leitura: 24/01/2022 ⮞ 27/01/2022

Classificação: 


Sinopse

Ai de ti, Copacabana, de Rubem Braga, é um livro que reúne crônicas, escritas de abril de 1955 a março de 1960, selecionadas e organizadas pelo próprio autor. As crônicas, impregnadas com o amor do autor à vida simples, dos humildes e sofredores, abordam assuntos do dia-a-dia, da infância, da mocidade e dos primeiros amores.


Minha review no GoodReads




O escritor capixaba - Rubem Braga (1913-1990) - é considerado o maior e melhor cronista brasileiro, havendo quem diga que elevou o género da crónica ao patamar do romance e da poesia.

Há já algum tempo que tinha a obra 200 Crônicas Escolhidas para ler, mas foi um podcast, com uma entrevista à Martha Batalha, que me fez ir ao encontro deste Ai de ti, Copacabana.




Então mergulho no meu sonho absurdo

Entre carros, conchas, búzios

Entre os peixinhos do mar

Lembro Caymmi, Rubem Braga, João de Barro

E sigo no itinerário da princesinha do mar

🎵 Alceu Valença, ai de ti, Copacabana


Este livro reúne 60 crónicas publicadas entre 1955 e 1960, em alguns dos jornais onde trabalhou.

Os primeiros contos são escritos ainda em Santiago do Chile, onde o escritor narra sobre a sua casa, a cidade, as pessoas e as paisagens. Há referências à cordilheira dos Andes, ao Oceano Pacífico, palavras em espanhol, terremotos e até à civilização Inca.


Santiago não tem mar; mas tem, a leste, essa presença de abismo e de infinito, essa paisagem de estranha força, pureza e paz – de uma oceânica beleza.


Mandei um telegrama para o Brasil me demitindo. Agora estou sozinho em minha sala, no sétimo andar, olhando o movimento (…) sim, eu gosto do Chile (…) e do alto da minha janela solitária eu me despeço dele com um olhar em que talvez haja alguma pena.


A maioria das restantes crónicas são, na minha opinião, uma Ode ao bairro de Copacabana. Com um estilo melancólico, com um humor refinado e um jeitinho de contar histórias diz as coisas mais profundas da maneira mais simples. A premonição de Rubem Braga sobre o futuro de Copacabana não é das melhores.


1. Ai de ti Copacabana, porque eu já fiz o sinal claro de que é chegada a véspera de teu dia, e tu não viste; porém minha voz te abalará as entranhas.

4. Sem Leme, quem te governará? Foste iníqua perante o oceano, e o oceano mandará sobre ti a multidão de suas ondas.

5. Grandes são teus edifícios de cimento, e eles se postam diante do mar qual alta muralha desafiando o mar; mas eles se abaterão.

6. E os escuros peixes nadarão nas tuas ruas e a vasa fétida das marés cobrirá tua face; e o setentrião lançará as ondas sobre ti num referver de espumas qual um bando de carneiros em pânico, até morder a aba de teus morros; e todas as muralhas ruirão.

22. (…) Canta a tua última canção, Copacabana!