Série: -
Autor: Machado de Assis
Data de Leitura: 09/11/2024 ⮞ 17/11/2024
Classificação: ⭐⭐⭐⭐⭐
Sinopse
Quando o Dr. Simão Bacamarte, médico psiquiatra, homem da ciência, constrói um asilo em Itaguaí, nada faria prever os acontecimentos que lhe sucederam. "Eram furiosos, eram mansos, eram monomaníacos, era toda a família dos deserdados do espírito." Mas quem eram, afinal, os loucos? Neste conhecido conto da literatura brasileira, Machado de Assis reflete sobre a fronteira entre a sanidade e a loucura, ao mesmo tempo que constrói um retrato crítico da sociedade da época.
Minha review no GoodReads
O Alienista foi originalmente publicado na colectânea de contos Papeis Avulsos, em 1882. Esta é uma releitura, li-o em 2022, quando li Obras Completas de Machado de Assis II: Coletâneas de Contos.
Acompanhamos o Dr. Simão Bacamarte, um médico de 34 anos que após muitos anos a exercer na Europa, e sendo considerado um dos maiores de Portugal e das Espanhas, decide regressar à sua cidade natal – Itaguaí.
Casou-se com D. Evarista, que, segundo o próprio reunia condições fisiológicas e anatômicas de primeira ordem, digeria com facilidade, dormia regularmente, tinha bom pulso, e excelente vista; estava assim apta para dar-lhe filhos robustos, sãos e inteligentes. Se além dessas prendas, — únicas dignas da preocupação de um sábio, D. Evarista era mal composta de feições, longe de lastimá-lo, agradecia-o a Deus, porquanto não corria o risco de preterir os interesses da ciência na contemplação exclusiva, miúda e vulgar da consorte.
No entretanto, dedica-se ao estudo das ciências, com o objectivo de aprofundar o estudo da mente humana e os limites da loucura.
A loucura, objeto dos meus estudos, era até agora uma ilha perdida no oceano da razão; começo a suspeitar que é um continente.
Inicialmente, a população é favorável e apoia o projecto de uma Casa de Orates – a Casa Verde, mas à medida que Bacamarte começa a internar um número crescente de pessoas, incluindo cidadãos influentes e aparentemente normais, instala-se o caos na cidade.
Enquanto Bacamarte define e redefine o que considera ser a loucura, revelando uma obsessão pela ciência e acima de tudo pelo controlo, há revoltas populares e instabilidade nos poderes locais com a queda das lideranças locais. A cidade transforma-se num palco de desordem, oscilando entre a revolta popular e o autoritarismo.
E é no meio desta confusão e desordem que Simão Bacamarte surpreende...
Um desfecho irónico, como já nos habituou Machado de Assis. Um pequeno conto que para além de ser uma crítica ao autoritarismo é uma reflexão sobre a liberdade individual e os limites da razão/loucura.
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