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[Opinião] Nada a Temer - Julian Barnes

        


      

Título: Nada a Temer

Série: 

Autor: Julian Barnes

Data de Leitura: 17/01/2023 ⮞ 05/02/2023

Classificação: 


Sinopse

Uma memória de família, um diálogo com o irmão filósofo, uma meditação sobre a mortalidade e o medo da morte, uma celebração da arte e uma discussão sobre Deus.

Ateu aos vinte e agnóstico aos cinquenta e sessenta, Julian Barnes medita sobre a relação que temos com a nossa única certeza: o nosso desaparecimento. E, ao fazê-lo, passa necessariamente pela fé e pela ausência dela, pela memória, que se sedimenta em construções enganadoras, pela sua história familiar, escolar, estética - e por um extraordinário acervo de figuras históricas e da forma como, ao longo dos séculos, se confrontaram com a morte.

Maravilhosamente sério e divertido, surpreendentemente hilariante, Nada a Temer é uma demonstração do dom supremo de Julian Barnes, enquanto deambula pelo seu percurso - sempre pessoal - pela condição humana.



Minha review no GoodReads


NÃO ACREDITO EM DEUS, mas sinto a Sua falta.


É assim que Julian Barnes começa, e depois ainda acrescenta:


Se me intitulei ateu aos vinte e agnóstico aos cinquenta e aos sessenta, não é porque tenha entretanto adquirido mais saber: apenas mais consciência da ignorância.


Através de algumas memórias da sua família – avós, pais e irmão - Julian Barnes desafia-nos, através dos seus pensamentos, a meditarmos e aprendermos sobre a inevitabilidade da morte, e a interrogarmo-nos sobre a religião.


Antecipar assim a morte é soltarmo-nos da sua servidão: além disso, se ensinamos uma pessoa a morrer, ensinamo-la a viver.


Com uma prosa requintada, em alguns momentos descontraída, Barnes não nos intimida. Vai-nos dando diversos pontos de vista recorrendo a muitos escritores e artistas favoritos: Chostakovich, Ravel, Zola, Flaubert, Somerset Maugham, Jules Renard, até William Faulkner que disse que o obituário dum escritor devia dizer: Escreveu livros e depois morreu.


As reflexões sobre a morte e sobre a religião são simultaneamente sérias e engraçadas, profundamente honestas e que nos trazem uma certa melancolia, mas como diz Richard Dawkins O universo não nos deve condolências nem consolação; não nos deve uma agradável sensação íntima de bem-estar. Se é verdade, é verdade, e o melhor é aprendermos a viver com isso. Morre e desaparece, é mesmo assim., ou como diríamos hoje em dia numa linguagem menos erudita, é lidar!