Título: O Visconde Cortado ao Meio
Série: I nostri antenati #1
Autor: Italo Calvino
Data de Leitura: 01/06/2020 ⮞ 02/06/2020
Classificação: ⭐⭐⭐⭐
Sinopse
Recomendado pelo PNL para 9.º ano, leitura orientada.
"Na guerra entre a Áustria e a Turquia de 1716, o visconde Medardo de Terralba é atingido no peito por uma bala de um canhão turco, e o que regressa a casa é apenas uma metade sua.
Este início cruel desencadeia uma fábula cadenciada como um bailado, na qual em redor do meio-visconde se movimentam e afadigam indivíduos mais reduzidos a metade do que ele: o doutor Trelawney, cuja ciência negligencia os seres humanos, o carpinteiro Pedro Prego, que constrói engenhos admiráveis tentando não pensar que são forcas, o moralismo abstrato dos refugiados huguenotes, o hedonismo decadente do asilo de leprosos.
Uma história fantástica que é também uma reflexão alegórica da condição do homem contemporâneo, sempre «alienado», mutilado, incapaz de alcançar a integridade, a completude. As invenções de Calvino são sempre abertas a muitos significados, apesar de poderem ser apreciadas por si só. Exemplo claro disso é a trilogia fantástica Os Nossos Antepassados, que este Visconde Cortado ao Meio inicia; seguem-se-lhe O Barão Trepador e O Cavaleiro Inexistente."
Minha review no GoodReads
Italo Calvino nasceu em 1923, em Santiago de Las Vegas, Cuba. Viveu grande parte da infância e da juventude em San Remo, na Itália, e estudou na Faculdade de Ciências da Universidade de Turim, onde se doutorou em letras com uma tese sobre o escritor Joseph Conrad. Morreu em Sienna, em 1985.
Foi membro do Partido Comunista, escreveu em jornais de esquerda, e a sua primeira obra – Il sentiero dei nidi di ragno – foi inspirada na sua experiência com a resistência.
Foi na década de 1950 que Calvino publicou a trilogia I nostri antenati, composta por O Visconde Cortado ao Meio, O Barão Trepador e O Cavaleiro Inexistente, um género de trilogia fantástica, em que as personagens principais passam pelas situações mais absurdas.
Cerca de trinta anos depois da primeira edição do Visconde um estudante questionou Italo Calvino sobre a obra, que lhe respondeu:
Quando ho cominciato a scrivere Il visconte dimezzato, volevo soprattutto scrivere una storia divertente per divertire me stesso, e possibilmente per divertire gli altri; avevo questa immagine di un uomo tagliato in due ed ho pensato che questo tema dell’uomo tagliato in due, dell’uomo dimezzato fosse un tema significativo, avesse un significato contemporaneo: tutti ci sentiamo in qualche modo incompleti, tutti realizziamo una parte di noi stessi e non l’altra.
A personagem principal é o jovem Medardo di Terralba, que é cortado ao meio por uma bala de canhão, numa guerra contra os turcos. Os cirurgiões conseguem salvá-lo, mas cosem as metades em entidades diferentes. É aqui que começa a confusão! Metade de Medardo regressa ao Génova, recupera o castelo, instala o terror na região, e recebe a alcunha de Gramo . A outra metade (a esquerda) regressa, não para casa, mas deambula pelos campos, e torna-se o justo, bondoso e virtuoso "herói" de Génova; ele recebe o nome de Buono .
Così tra carità e terrore trascorrevano le nostre vite. Il Buono (com’era chiamata la metà sinistra di mio zio, in contrapposizione al Gramo, ch’era l’altra), era tenuto ormai in conto di santo. Gli storpi, i poverelli, le donne tradite, tutti quelli che avevano una pena correvano da lui.
As duas partes de Medardo apaixonam-se pela camponesa Pamela, disputam o seu amor e acabam por ferir-se, um ao outro, num duelo.
O tema principal é a dicotomia entre o real e o ideal, e Calvino explora este assunto através de uma série de formas. A dualidade foi muito bem montada e explorada, ou não fossemos todos nós duas partes de um todo.
Foi uma leitura agradável, rápida e divertida. É um clássico para todas as idades.