Título: Levantado do Chão
Série: -
Autor: José Saramago
Data de Leitura: 22/07/2020 ⮞ 30/08/2020
Classificação: ⭐⭐⭐⭐
Sinopse
"Um escritor é um homem como os outros: sonha. E o meu sonho foi o de poder dizer deste livro , quando o terminasse: «Isto é o Alentejo». Dos sonhos, porém, acordamos todos, e agora eis-me não diante do sonho realizado, mas da concreta e possível forma do sonho. Por isso me limitarei a escrever: «Isto é um livro sobre o Alentejo». Um livro, um simples romance, gente, conflitos, alguns amores, muitos sacrifícios e grandes fomes, as vitórias e os desastres, a aprendizagem da transformação, e mortes. E portanto um livro que quis aproximar-se da vida, e essa seria a sua mais merecida explicação. Leva como título e nome, para procurar e ser procurado, estas palavras sem nenhuma glória - Levantado do chão . Do chão sabemos que se levantam as searas e as árvores, levantam-se os animais que correm os campos ou voam por cima deles, levantam-se os homens e as suas esperanças. Também do chão pode levantar-se um livro, como uma espiga de trigo ou uma flor brava. Ou uma ave. Ou uma bandeira. Enfim, cá estou outra vez a sonhar. Como os homens a quem me dirijo."
Minha review no GoodReads
José Saramago – Prémio Nobel da Literatura, 1998 "que, com parábolas portadoras de imaginação, compaixão e ironia torna constantemente compreensível uma realidade fugidia"
José Saramago (1922-2010) nasceu na aldeia de Azinhaga, Ribatejo. Aos dois anos mudou-se com a família para Lisboa, onde estudou e concluiu o curso de serralheiro mecânico. Trabalhou como serralheiro, funcionário público na área da saúde e na previdência social, foi director literário de uma editora, jornalista e tradutor.Levantado do chão foi publicado em 1980, e definiu-lhe o estilo. A RTP, há uns anos, passou um documentário que pode ser visto aqui
LATIFÚNDIO 🔸 FAMÍLIA MAU-TEMPO 🔸 TRABALHO 🔸 A LUTA DE UM POVO
O que mais há na terra, é paisagem. Por muito que do resto lhe falte, a paisagem sempre sobrou, abundância que só por milagre infatigável se explica, porquanto a paisagem é sem dúvida anterior ao homem, e apesar disso, de tanto existir, não se acabou ainda. Será porque constantemente muda: tem épocas no ano em que o chão é verde, outras amarelo, e depois castanho, ou negro. E também vermelho, em lugares, que é cor de barro ou sangue sangrado. Mas isso depende do que no chão se plantou e cultiva, ou ainda não, ou não já, ou do que por simples natureza nasceu, sem mão de gente, e só vem a morrer porque chegou o seu último fim. Não é tal o caso do trigo, que ainda com alguma vida é cortado. Nem do sobreiro, que vivíssimo, embora por sua gravidade o não pareça, se lhe arranca a pele. Aos gritos.
Levantado do chão reconta a história portuguesa do século XX através da epopeia dos trabalhadores agrários alentejanos.
A história centra-se nas quatro gerações da família Mau-Tempo.
Na época de Domingos Mau-Tempo há a queda da monarquia e a chegada da República. Logo em seguida, chegam ao latifúndio notícias da I Guerra Mundial. Com João Mau-Tempo, instaura-se o Estado Novo e ocorrem a II Guerra Mundial e a Guerra Civil Espanhola. No final da narrativa, temos o fim do regime ditatorial, com a Revolução dos Cravos em 1974.
E do chão, levanta-se toda uma Nação.