Título: Meridiano 28
Série: -
Autor: Joel Neto
Data de Leitura: 28/02/2019 ⮞ 08/03/2019
Classificação: ⭐⭐⭐⭐⭐
Sinopse
Em 1939, o mundo entrou em guerra. Foi o conflito mais mortífero da história da humanidade. Mas, na pequena ilha açoriana do Faial, ingleses e alemães conviveram em paz durante mais três anos. Eram os loucos dos cabos telegráficos. Do mar em frente emergiam os periscópios de Hitler. Dezenas de navios britânicos eram afundados todos os meses. Já em terra, as crianças inglesas continuavam a aprender na escola alemã, dividindo as carteiras com meninos adornados de suásticas. As famílias juntavam-se para bailes e piqueniques. Os hidroaviões da Pan American faziam desembarcar estrelas do cinema e da música, estadistas e campeões de boxe. Recolhiam-se autógrafos. Jogava-se ao ténis e ao croquet. Dançava-se o jazz. Viviam-se as mais arrebatadoras histórias de amor. Poderia um agente nazi ter-se escondido nos Açores, consumada a derrota de Hitler? Quem foi Hansi Abke? Que sombra lança hoje sobre o destino de José Filemom Marques, o sobrinho criado no Brasil? Um romance que vai de Lisboa a Nova Iorque, de Friburgo a Praga, de Bristol a Porto Alegre e às ilhas açorianas, onde todos são descobertos e ninguém pode ser apanhado. Um reencontro entre dois homens de tempos distintos e que talvez tenham mais em comum do que aquilo em que gostariam de acreditar. Uma memória das mulheres que amaram e talvez não tenham sabido fazê-lo.
Minha review no GoodReads
Joel Neto é autor de mais de uma dúzia de livros de diferentes géneros, entre os quais Arquipélago, A Vida no Campo e Meridiano 28.
Nasceu na ilha Terceira, Açores, e mudou-se para Lisboa aos 18 anos, para estudar Relações Internacionais. Depois de quase duas décadas de trabalho voltou à ilha natal em 2012, determinado a dedicar-se inteiramente à literatura.
Vive desde então no lugar dos Dois Caminhos, freguesia da Terra Chã, onde escreve e cultiva uma horta, um pomar e um jardim de azáleas.
Joel Neto continua a surpreender-me. Já tinha gostado muito do Arquipélago, mas acho que Meridiano 28 é superior, e é por isso mesmo que lhe dou 5 estrelas e entrada directa para a minha prateleira dos favoritos.
Mais do que a história de um agente nazi ter-se escondido nos Açores este livro é sobre relacionamentos. É através da amizade entre Hansi e Roy, do amor entre Filemom e Alice, e da história dentro da história de Hansi Abke e Kathryn que o autor nos conta as aventuras e desventuras acontecidas na Horta dos anos 40.
A ilha do Faial, em concreto a cidade da Horta, é a personagem principal deste romance.
Uma cidade cosmopolita, culta e moderna, que foi utilizada como base naval durante as duas grandes guerras mas que simultaneamente conseguiu que as diversas comunidades (ingleses, alemães e portugueses) vivessem em harmonia. Uma cidade que se habituou a ver, atracados ao largo, os grandes navios de guerra, que se habituou a ver grandes estrelas de cinema de Hollywood a desembarcar - dos moderníssimos Clippers da Pan Am - no Aeroporto Marítimo do Funchal. O tempo em que os “malucos dos cabos” andavam pela ilha, o Café Sport (agora mundialmente conhecido como Peter Café Sport ), os passeios na ponta da Espalamaca, as partidas de ténis, a praia de Porto Pim, as tardes no Monte da Guia, a presença imponente do vulcão e os bailes onde se dançava charleston, pasodobles, tangos-milonga e/ou slowfoxes. A música é uma constante ao longo do livro.
Joel Neto não escreve bem, escreve MUITO BEM.
A narrativa é original, o trabalho histórico minucioso, as descrições são maravilhosas e as personagens….perfeitas.