Título: A Terceira Mentira
Série: La trilogie des jumeaux #3
Autor: Ágota Kristóf
Data de Leitura: 22/05/2019 ⮞ 24/05/2019
Classificação: ⭐⭐⭐⭐⭐
Sinopse
Em 1993, a ASA publicou na sua colecção "Letras do Mundo" o volume Trilogia da Cidade de K., que agrupava três romances de Agota Kristof — O Caderno Grande, A Prova e A Terceira Mentira. Tal volume encontra-se há muito tempo esgotado, pelo que se decidiu agora reeditar cada um dos romances, separadamente, na colecção "Pequenos Prazeres". Assim aconteceu já com O Caderno Grande, o mesmo acontece agora com A Prova.
Apesar de autónomos, os três romances formam um conjunto dotado de uma extrema e paradoxal unidade. Em A Prova, através do destino separado de Lucas e Claus, os gémeos de O Caderno Grande, e mais concretamente através do percurso do primeiro, Agota Kristof vem dizer-nos mais uma vez que, num universo totalitário, a generosidade e a solidariedade são por vezes mais mortíferas do que o crime.
Minha review no GoodReads
Quando iniciamos esta Trilogia da Cidade K. entramos num mundo onde a violência e a crueldade espreitam a cada página.
N'O Caderno Grande os gémeos partilham tudo, até mesmo os pensamentos.
N’A Prova acompanhamos Lucas, é um pouco desconcertante como Claus desaparece totalmente da narrativa, o que de certa forma me fez duvidar da sua existência, e do que é narrado no primeiro livro.
As personagens secundárias assumem especial relevância porque não é tanto a história de Lucas aquela que lemos, mas sim a de Victor, Yasmine, Mathias e Clara. É através deles que temos contacto com a desumanização provocada pelos regimes totalitários.
A Terceira Mentira implica a existência de duas mentiras anteriores.
“- Tenho imensa curiosidade em saber o que contêm esses cadernos. É uma espécie de diário?
(…)
- Não, são mentiras.
- Mentiras?
- Sim. Coisas inventadas. Histórias que não são verdade, mas que poderiam ser.”
Será que a história que nos é contada em O Caderno Grande e A Prova é real?
Seriam Lucas e Claus gémeos?
Existiam os dois?
O nome de um é o anagrama do outro, serão a mesma pessoa?
Será tudo invenção de um deles, e se sim de qual?
Tudo isto parece um jogo de espelhos, circular, sem fim, em que nem tudo o que se lê é o que parece, nem tudo o que parece, é o que se lê.
Ágota obriga-nos a perceber que o que lemos não é real, estamos mergulhados na história dentro da história, completamente submersos!
A intensidade da escrita, a experiência da leitura, e a forma como Ágota, no final, une as pontas soltas é genial, é isso que define uma obra de arte.