Título: Alá Não É Obrigado
Série: -
Autor: Ahmadou Kourouma
Data de Leitura: 02/12/2023 ⮞ 12/12/2023
Classificação: ⭐⭐⭐
Sinopse
"Alá Não é Obrigado" é uma obra tão peculiar quanto o seu protagonista e narrador, Birahima, uma criança-soldado que assiste à morte da mãe e que, para sobreviver, sai da sua aldeia em busca da tia, a única pessoa que pode cuidar dele. Da Costa do Marfim à Serra Leoa, passando pela Libéria, este órfão de “dez ou doze anos” irá passar por diversos exércitos de guerrilheiros, cujos líderes constituem uma riquíssima paleta de personagens, inesquecíveis pelas piores razões: há loucos e sádicos, psicopatas e figuras ridículas. A traição, a morte, a tortura e a mutilação são lugares-comuns por aquelas paragens. O próprio Birahima não é inocente nem culpado: é apenas uma criança que já viu demasiada violência e morte e de quem, à partida, se poderá pensar já não possuir qualquer noção do bem e do mal. Mas Birahima ainda consegue fazer essa distinção; só que as suas principais preocupações prendem-se com coisas tão fundamentais como sobreviver, alimentar-se, encontrar um sítio para viver e, acima de tudo, evitar ser assassinado.
"Alá Não é Obrigado" é um livro duro, poderoso, intenso, escrito por um autor que muito nos disse sobre a África contemporânea: as estranhas alianças entre chefes de Estado respeitáveis e criminosos de renome, a corrupção generalizada, a culpa, as boas intenções e as dificuldades das Nações Unidas e os desvios sofridos pelos mantimentos enviados pelas organizações não-governamentais. Em suma, uma realidade terrível que o autor nos descreve pela voz inesquecível de uma criança.
Minha review no GoodReads
Alá Não é Obrigado é um romance que acompanha a vida de Birahima, um jovem que se torna uma criança soldado na África Ocidental devastada pela guerra.
E, para começar... e um... Chamo-me Birahima. Sou um p'tit nègre. Não por ser black e miúdo. Não! Sou p'tit nègre porque falo mal francês. É assim.
A história desenrola-se durante um conflito civil, e aborda temas como violência, sobrevivência e a perda da inocência. À medida que Birahima enfrenta o caos, somos confrontados com as repercussões da guerra numa pessoa vulnerável, compelida a viver uma existência marcada pela brutalidade.
Mas então comecei a não entender nada deste maldito universo. A não topar coisa nenhuma neste bordel de mundo. A não enxergar népias nesta porcaria de sociedade humana. O Estabanado, com os fetiches, acabava de conquistar Niangbo! É verdade ou não é verdade essa porcaria dos grigris? Quem me pode responder? Onde ir buscar a resposta? A nenhures. Por isso se calhar é verdade, o grigri... ou talvez seja falso, uma aldrabice, um embuste de todo o tamanho e de todo o comprimento da África. A faforo (eu do meu pai)!
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