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[Opinião] Vejam como dançamos - Leïla Slimani

 



Título: Vejam como dançamos

Série: In the Country of Others #2

Autor: Leïla Slimani

Data de Leitura: 24/10/2023 ⮞ 03/11/2023

Classificação: ⭐


Sinopse

«Mathilde envelhecera […]. A pele do rosto, constantemente exposta ao sol e ao vento, parecia mais grossa. A testa e os cantos da boca estavam cobertos de rugas. Até o verde dos seus olhos perdera o brilho, como um vestido usado demasiadas vezes. Engordara. Para provocar o marido, num dia de calor abrasador, pegou na mangueira do jardim e, debaixo do nariz da criada e dos trabalhadores, regou-se da cabeça aos pés. As roupas colaram-se-lhe ao corpo, deixando ver os mamilos eretos e o velo púbico. Nesse dia, os trabalhadores rezaram ao Senhor, passando a língua entre os dentes enegrecidos, para que Amine não enlouquecesse.»

1968, Marrocos: Mathilde, alsaciana, e Amine, oficial do Exército marroquino, são um casal com uma longa história atrás de si e um incerto futuro pela frente, à imagem do país onde vivem. Esta é a história de uma família hesitante entre a tradição e a modernidade, protagonizada por uma mulher enredada entre duas culturas, sufocada pelo conservadorismo do país onde escolheu viver e dividida entre a dedicação à família e o amor à liberdade. É também a história de um país que acabou de conquistar a independência e que procura o seu lugar, entre o espartilho religioso e o fascínio pelo Ocidente, entre a repressão e o hedonismo.

Leïla Slimani, uma das vozes mais importantes da literatura francesa, regressa à história da própria família para construir um romance cheio de personagens inesquecíveis e imagens fortes. Retratando um tempo e um lugar em que ressoam os ecos do Maio de 68 e as mulheres encetam o pedregoso caminho da emancipação, a escritora reafirma a sua impressionante destreza narrativa e o olhar clínico sobre a intimidade.



Minha review no GoodReads

Depois de ter gostado muito do primeiro volume - O país dos outros - estava expectante por continuar esta saga de Mathilde e Amine.


O primeiro volume da saga termina com Marrocos à beira da independência, em 1956.

O segundo começa em 1968, Marrocos e os seus personagens nada mais são do que um emaranhado de tensões e antagonismos entre o conservadorismo e a aspiração à modernidade.


A propriedade de Amine torna-se mais próspera e rentável, e a família passa a fazer parte da elite do país. Mathilde conseguiu finalmente construir a tão desejada piscina na propriedade para os dias de calor.


Ela queria aquela piscina, queria-a em compensação pelos seus sacrifícios, a sua solidão, a sua juventude perdida.


O destino dos filhos, Aïcha e Selim, é bem diferente. Aïcha vai estudar medicina para França, torna-se médica, faz a especialidade de obstetrícia e casa com Medhi. Já o irmão Selim é um mau aluno, pouco interessado na propriedade, um imprestável. Amine chega até a lamentar

que Selim não tivesse a seriedade da irmã mais velha, cujo único defeito era ser mulher.
Selim acaba por seguir o movimento hippie, consome drogas e acaba nos Estados Unidos.


Leïla Slimani desenvolve diversos temas e multiplica as personagens secundárias essenciais para encarnar os contrastes da população.


Agora é aguardar pelo terceiro volume. Espero que não demore muito!!


E ali, sob as palmeiras altas, começaram a balouçar-se de um pé para o outro, apesar do vento gelado de dezembro, apesar dos cochichos das espectadoras que nem queriam acreditar no que viam. Dançaram e algumas delas disseram que viram lágrimas escorrer pelas faces do patrão e que ouviram Mathilde repetir em árabe: «Estás feliz, não estás?»