Título: A Palavra que Resta
Série: -
Autor: Stênio Gardel
Data de Leitura: 21/11/2023 ⮞ 29/11/2023
Classificação: ⭐⭐
Sinopse
Uma carta guardada por mais de cinquenta anos — e jamais lida. É essa a relíquia que Raimundo leva consigo. Homem analfabeto que na juventude teve um amor secreto brutalmente interrompido, ele resolve que ainda é tempo de aprender a ler e talvez decifrar essa ferida aberta do passado.
Minha review no GoodReads
A Palavra que Resta, romance de estreia de Stênio Gardel, venceu o National Book Award 2023 na categoria de Literatura Traduzida. Esta é a primeira vez que um livro brasileiro conquista o prémio.
Foi uma leitura desafiante.
A sinopse conta a história toda.
Raimundo, aos 71 anos, decide aprender a ler e a escrever para conseguir ler uma carta que guardou e que o assombrou toda a vida. A carta foi escrita por Cícero, o seu amor de juventude, que desapareceu depois de a relação homossexual entre os dois ter sido descoberta.
Raimundo não deixou ninguém ler e envelheceu com o desejo de saber o que ela diz crescendo dentro dele. Feto idoso, rebento tardio. A carta guardava uma vida inteira.
É um pequeno retrato da realidade vivida num Brasil profundo, pobre, com elevadas taxas de analfabetismo, violento e cheio de preconceitos.
A narrativa não é linear, passado e presente entrelaçam-se de tal forma que por vezes é difícil perceber os saltos temporais. Além disso, as personagens são pouco aprofundadas e a ausência de descrições do espaço e o constante fluxo de consciência de Raimundo prejudicaram, e muito, a minha apreciação da obra.
A escrita de Stênio Gardel é confusa e cheia de experimentalismos misturados com o tradicional. Em alguns momentos parece inspirar-se em Saramago, noutras em Guimarães Rosa.
Quanto ao final, e é aqui que discordo da maioria, não esperava outro.