Título: Debaixo de Algum Céu
Série: -
Autor: Nuno Camarneiro
Data de Leitura: 05/03/2015 ⮞ 08/06/2015
Classificação: ⭐⭐⭐
Sinopse
Num prédio encostado à praia, homens, mulheres e crianças - vizinhos que se cruzam mas se desconhecem - andam à procura do que lhes falta: um pouco de paz, de música, de calor, de um deus que lhes sirva. Todas as janelas estão viradas para dentro e até o vento parece soprar em quem lá vive. Há uma viúva sozinha com um gato, um homem que se esconde a inventar futuros, o bebé que testa os pais desavindos, o reformado que constrói loucuras na cave, uma família quase quase normal, um padre com uma doença de fé, o apartamento vazio cheio dos que o deixaram. O elevador sobe cansado, a menina chora e os canos estrebucham. É esse o som dos dias, porque não há maneira de o medo se fazer ouvir. A semana em que decorre esta história é bruscamente interrompida por uma tempestade que deixa o prédio sem luz e suspende as vidas das personagens - como uma bolha no tempo que permite pensar, rever o passado, perdoar, reagir, ser também mais vizinho. Entre o fim de um ano e o começo de outro, tudo pode realmente acontecer - e, pelo meio, nasce Cristo e salva-se um homem. Embora numa cidade de província, e à beira-mar, este prédio fica mesmo ao virar da esquina, talvez o habitemos e não o saibamos. Com imagens de extraordinário fulgor a que o autor nos habituou com o seu primeiro romance, Debaixo de Algum Céu retrata de forma límpida e comovente o purgatório que é a vida dos homens e a busca que cada um empreende pela redenção.
Minha review no GoodReads
Este livro fez-me lembrar d’Os 9 círculos do inferno, da Divina Comédia de Dante Alighieri.
Eu, Tu, Ele, Nós, Vós, Eles - são estas as palavras que me ocorrem quando preciso definir este livro.
8 dias, 7 inquilinos! Parece pouco mas foi mais do que suficiente nos apresentar uma visão da nossa sociedade, estilo de vida, relacionamentos ou falta deles, sonhos e pesadelos, receios, esperanças e apreensões, crenças e ambições, enfim a humanidade está muito bem representada naquele prédio à beira-mar plantado.
Gostei da forma de escrever (a parte mais religiosa cansou-me um pouco), é uma prosa com jeito de poesia, com momentos profundos e que nos fazem pensar um pouco na nossa própria existência.