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Dinah Silveira de Queiroz [1911-1982]

Dinah Silveira de Queiroz

Logo des(classe)ficadas Dinah Silveira de Queiroz, sétima ocupante da Cadeira 7 da Academia Brasileira de Letras, eleita em 10 de julho de 1980, na sucessão de Pontes de Miranda, e recebida pelo Acadêmico Raymundo Magalhães Júnior em 7 de abril de 1981.

Dinah Silveira de Queiroz, romancista, contista e cronista, nasceu em São Paulo, SP, em 9 de novembro de 1911, e faleceu em São Paulo, SP, em 27 de novembro de 1982.

Filha de Alarico Silveira, advogado, homem público e autor de uma Enciclopédia brasileira, e de Dinorah Ribeiro Silveira, de quem ficou órfã muito jovem. Quem lê Floradas na Serra, seu livro de estreia (1939), tem sua atenção despertada pela cena em que, ao morrer, um personagem, não querendo contaminar a filha pequena, despede-se dela à distância e pede que retirem a fita que prendia o cabelo da menina para beijá-la. A cena se passou na realidade com a escritora. Dona Dinorah faleceu aos vinte e poucos anos, deixando duas filhas: Helena e Dinah.

Com a morte da mãe, cada irmã foi para a casa de uma parente. Dinah foi morar com sua tia-avó Zelinda, que influenciou muito sua formação. Desses tempos datam as temporadas na fazenda em São José do Rio Pardo, na Mogiana. Nas frequentes visitas do pai à filha, havia sempre tempo para os livros, quando ele lia em voz alta as narrativas de H. G. Wells. As passagens de Guerra dos Mundos causaram grande impressão na menina, assim como os escritos de Camille Flammarion sobre astronomia.

Dinah estudou no Colégio Les Oiseaux, em São Paulo, onde colaborou com a irmã Helena no Livro de Ouro, vindo a ficar, “por motivo de doença de Helena”, com o troféu literário da menina. Casou-se aos 19 anos com Narcélio de Queiróz, advogado e estudioso de Montaigne, que influenciou suas leituras e a levou a descobrir sua vocação para a escrita. Teve duas filhas: Zelinda e Léa. Em 1961, enviuvou e, no ano seguinte, casou-se com o diplomata Dário Moreira de Castro Alves.

Seu primeiro trabalho literário foi Pecado, seguido da novela A Sereia Verde, publicado pela Revista do Brasil, dirigida por Otávio Tarquínio de Sousa. Seu grande sucesso veio em 1939, com o romance Floradas na Serra, premiado com o Prêmio Antônio de Alcântara Machado (1940), da Academia Paulista de Letras, e adaptado para o cinema em 1955. Em 1941, publicou o volume de contos A Sereia Verde, retornando ao romance em 1949 com Margarida la Rocque e em 1954 com A Muralha, em homenagem ao IV Centenário da fundação de São Paulo. Nesse mesmo ano, a Academia Brasileira de Letras lhe concedeu o Prêmio Machado de Assis pelo conjunto da obra.

Em 1956, escreveu a peça bíblica O Oitavo Dia. No ano seguinte, publicou o volume de contos As Noites do Morro do Encanto, laureado com o Prêmio Afonso Arinos da Academia Brasileira de Letras (1950). Em 1960, publicou o volume de contos Eles Herdarão a Terra, no qual já manifesta interesse pela ficção científica, tema que desenvolveria em Comba Malina (1969). Em ambas as obras, prevalece uma narrativa com elementos do realismo fantástico.

Em 1962, foi nomeada Adida Cultural da Embaixada do Brasil em Madri. Após casar-se com Dário Moreira de Castro Alves, seguiu com ele para Moscou, onde permaneceu quase dois anos escrevendo artigos e crônicas veiculados na Rádio Nacional, Rádio Ministério da Educação e Jornal do Comércio. Essa ausência do Brasil criou nela uma necessidade de contribuir para a vida brasileira, o que fez com suas crônicas diárias, mais tarde reunidas no livro Café da Manhã (1969) e nos volumes Quadrante I e Quadrante II.

De volta ao Brasil, em 1964, escreveu o romance histórico Os Invasores, em comemoração ao IV Centenário da fundação do Rio de Janeiro. Em 1966, partiu para Roma, onde continuou escrevendo crônicas e manteve programa semanal na Rádio Vaticano. Publicou a biografia da Princesa Isabel, A Princesa dos Escravos, e o romance Verão dos Infiéis, inspirado nas palavras do Papa Paulo VI na ONU em 1965, obra premiada em 1969 pela Prefeitura do Distrito Federal, ano em que comemorava 30 anos de literatura.

Em novembro de 1974, iniciou a publicação do Memorial do Cristo, cujo primeiro volume se intitula Eu Venho, seguido em 1977 do segundo volume, Eu, Jesus. A eleição de Dinah Silveira de Queiroz para a Academia Brasileira de Letras, sendo a segunda mulher a ingressar nela, foi a consagração de uma escritora vinda de uma das famílias brasileiras mais dedicadas às letras. Entre seus parentes destacam-se nomes como Valdomiro Silveira, Agenor Silveira, Helena Silveira, Miroel Silveira, Isa Silveira Leal, Breno Silveira, Cid Silveira e Ênio Silveira.

Dinah viveu os últimos anos em Lisboa, Portugal, onde o embaixador Dário de Castro Alves chefiava a representação diplomática brasileira. Ali escreveu seu último romance, Guida, Caríssima Guida, publicado em 1981.

(Fonte: Academia Brasileira de Letras)

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