Título: A Aldeia
Série: The Snopes Trilogy #1
Autor: William Faulkner
Data de Leitura: 27/07/2025 ⮞ 24/08/2025
Classificação: ⭐⭐⭐
Sinopse
Jody Varner, filho do grande proprietário do Velho Domínio do Francês, está a cortar corda no armazém quando vê chegar um homem baixo, de chapéu de abas largas e casaco demasiado grande. «O meu nome é Snopes. Ouvi dizer que tem uma quinta para alugar. » Sobre os Snopes correm histórias de um passado sombrio, com indícios criminosos que à primeira vista os tornam vítimas fáceis em jogos de poder. Mas rapidamente a enigmática família de jornaleiros dá provas de que a sua presença naquela aldeia do sul dos Estados Unidos será tudo menos passiva. Numa sucessão de incidentes assustadores contados com humor retorcido, A Aldeia marca o arranque da trilogia construída por William Faulkner em torno da família Snopes. Um romance surpreendente e um empolgante predecessor de A Cidade, o segundo momento da saga.
Minha review no GoodReads
William Faulkner – Prémio Nobel da Literatura, 1949
"por sua contribuição forte e artisticamente incomparável para o moderno romance americano"
William Faulkner (1897-1962) nasceu e morreu no estado do Mississippi e é hoje reconhecido como uma das grandes vozes da literatura americana do século XX.
Ao longo da sua carreira recebeu o Prémio Nobel da Literatura e dois Pulitzer, conquistados com A Fábula e Os Ratoneiros.
Publicado em 1940, A Aldeia é o primeiro volume da Trilogia Snopes, que tem continuação com A Cidade e A Mansão.
Neste livro acompanhamos a chegada da família Snopes à mítica Yoknapatawpha, mais concretamente à comunidade de O Domínio do Francês. Vindos de origens humildes e inicialmente apenas arrendatários da influente família Varner, os Snopes começam a ascender socialmente — não pela admiração ou mérito, mas através de uma estratégia dissimulada e controversa que, pouco a pouco, lhes vai garantindo poder.
A personagem princiapl é Flem Snopes, um homem frio, ambicioso e sempre a calcular os seus passos, que pouco a pouco vai conquistando terreno numa comunidade fechada e desconfiada de estranhos. À sua volta movem-se outras personagens: Ab Snopes, o patriarca da família, e V. K. Ratliff, um vendedor de conversa afiada que, sempre que pode, tenta pôr travão às manobras da família Snopes.
A construção da narrativa é episódica, quase como um puzzle de histórias soltas que lentamente compõem um retrato social. Mas foi precisamente aqui que a minha leitura emperrou, a sensação constante de que nada avançava, de que voltávamos sempre ao mesmo lugar, tornou a experiência enfadonha, arrastada, confusa e pouco gratificante.
Não há dúvida de que Faulkner escreve com mestria. As descrições são minuciosas, a oralidade é captada com grande precisão, e o humor — tantas vezes apontado como um dos trunfos do livro — é subtil e corrosivo. No entanto, a maior distância que senti foi em relação às personagens. Não consegui criar empatia com nenhuma delas e a leitura acabou por se transformar mais num exercício de apreciação técnica do que num verdadeiro envolvimento emocional.