Série: -
Autor: Nuno Amado
Data de Leitura: 29/12/2024 ⮞ 11/01/2025
Classificação: ⭐⭐⭐⭐
Sinopse
Romance Finalista do Prémio LeYa 2017.Aos trinta e seis anos, a professora de literatura Helena Remington apaixona-se loucamente por um italiano de visita a Lisboa. O romance entre os dois, intenso e tórrido, é porém abruptamente interrompido por um acidente de automóvel na costa italiana onde ambos passavam férias.Decorridos vinte anos sem notícias de Fabrizio, Helena recebe uma carta da filha dele com um pedido ousado e urgente. Para o satisfazer, terá de lançar-se na mais arriscada aventura da sua vida, envolvendo-se com gente perigosa numa autêntica corrida contra o tempo. Tudo para salvar o homem que tanto amou.Muitos anos mais tarde, Carlos – o sobrinho-neto preferido de Helena – conhece Francesca, uma rapariga italiana que também precisa de ser salva e que o destino transforma em tradutora de cartas de amor. Parem todos os Relógios é uma narrativa fluida e aliciante sobre as consequências do amor, que combina magistralmente elementos de thriller policial, história de amor e épico familiar.
Minha review no GoodReads
Um romance sobre amores proibidos e trágicos!
Helena, uma professora na casa dos trinta, apaixona-se por Fabrizio, um italiano casado. Devido a um acidente de carro, esta relação termina, e cada um segue a sua vida. Anos mais tarde, Helena embarca numa missão para salvar Fabrizio. Paralelamente, Carlos, o seu sobrinho-neto, conhece Francesca e, com ela, descobre que a tia Helena teve uma vida repleta de paixões intensas e aventuras marcantes.
O amor é um ditador que, em nome da sua utopia, tem de destruir tudo o que o precedeu. E, quando o ditador é deposto, quando as suas políticas fracassam, quando é assassinado ou foge para um exílio distante, sucede-se a guerra, o caos, o vazio.
A ideia de se terem perdido um do outro para sempre colou-lhe uma mágoa fria e pegajosa à pele. Tudo lhe pareceu absurdo. De que lhe servia agora ter sentido durante meses uma alegria tão pura? Para quê experimentar uma paixão que semeara o mundo de encanto para a ver terminar sem aviso? Era como um cego que fora curado mas, assim que começara a aprender o nome das cores, perdera de novo a vista.
Era inevitável, pensa Helena. As mulheres têm de pagar sempre pelos pecados dos homens que amam. Assim fora com Costanza, assim era agora com ela e com Isabella. Valeria a pena? Por quanto sofrimento se pode comprar um momento de êxtase? Que preço em lágrimas pode saldar todas as dívidas que um amor acumula? Se Costanza soubesse que o seu busto iria ser admirado por séculos e séculos, teria aceitado melhor a sua desgraça? Os três gestos eram o mesmo, pensa. Bernini quisera possuir a beleza de Costanza. Fizera-o com o seu sexo, o seu escopro e a faca do seu servo. Ao desfigurar a modelo, a sua escultura seria o único vestígio dessa beleza, um resquício feito por si, assinado com o seu nome. E nesses três gestos estava tudo o que a paixão pode fazer: esquecer-se do mundo, criar e destruir.
O autor tem uma escrita simples e uma linguagem cuidada. A história está bem construída e repleta de pormenores maravilhosos. No entanto, as partes de Carlos e Francesca no Algarve pareceram-me escritas por outra pessoa.