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[Opinião] Anna Karénina - Lev Tolstoi

           




Título: Anna Karénina

Série: -

Autor: Lev Tolstoi

Data de Leitura: 27/10/2024 ⮞ 07/12/2024

Classificação: 


Sinopse

TRADUÇÃO DE ANTÓNIO PESCADA

«Nos capítulos iniciais de Anna Karénina, somos conduzidos, uma e outra vez, a um sentido de analogia musical. Há efeitos de contraponto e harmonia no desenvolvimento das principais tramas do “prelúdio Oblonski” (o acidente na estação ferroviária, a zombadora discussão sobre o divórcio entre Vronski e a baronesa Chilton, o deslumbramento do fogo vermelho diante dos olhos de Anna). O método de Tolstoi é polifónico; mas as harmonias principais desen- volvem-se com uma tremenda força e amplitude. As técnicas musicais e linguísticas não podem comparar-se de um modo exato. Mas como poderíamos elucidar de outro modo o sentimento de que as novelas de Tolstoi surgem de um princípio interior de ordem e vitalidade, enquanto as dos escritores menos importantes parecem alinhavadas?»


«Anna Karénina morre no mundo do romance; mas cada vez que lemos o livro ela ressuscita, e mesmo depois de o termos acabado adquire outra vida na nossa recordação. Em cada personagem literária existe algo da Fénix imortal. Através das vidas perduráveis das suas personagens, a própria existência de Tolstoi teve a sua eternidade.» [George Steiner, Tolstoi ou Dostoievski]


Minha review no GoodReads

Em casa dos meus pais sempre houve livros, e durante a minha adolescência havia uma colecção em particular que me despertava a curiosidade. Era a colecção em capa dura das Obras Completas de Tolstoi da Editora Arcádia. A minha mãe aconselhou-me a ler Anna Karénina lá por volta dos quinze anos, e eu assim o fiz. Sei que na altura gostei muito e inclusivamente vi, e adorei, o filme de 1948 com a Vivian Leigh.




Mas tal como em As Vinhas da Ira, não tinha idade nem maturidade para apreciar um clássico destes na sua plenitude. Na altura, com quinze anos, vi a história com olhos de adolescente, impressionada pela paixão e pela tragédia, mas sem a maturidade para compreender as suas camadas mais profundas. A releitura revelou-me a riqueza da narrativa, a complexidade das relações humanas e um romance que utiliza o contraste para expressar os seus principais pontos: contrapõe fidelidade com adultério, domesticidade com erotismo, conexão com a natureza com ligação à civilização e, finalmente, compromisso com paixão.


Há quem diga que é considerado o melhor romance alguma vez escrito. Se é ou não o melhor, fica ao critério de cada um, mas para mim continua um livraço e um favorito.


A epígrafe não deixa dúvidas ao que vamos:


Todas as famílias felizes se parecem umas com as outras, cada família infeliz é infeliz à sua maneira.


Anna Karénina não é só uma trágica história de amor, ou para algumas almas uma história sobre uma mulher adúltera; é também sobre as falhas e complexidades de que somos feitos. Tolstói tece, com maestria, um retrato das várias formas de amor e conflito humano.


Como diz Nabokov no posfácio:


A sua prosa acompanha as nossas pulsações e as suas personagens parecem mover-se ao mesmo ritmo das pessoas que passam à nossa janela enquanto nos sentamos a ler um livro seu.


Não percebo nada de russo, mas gostei da tradução do António Pescada.