Translate

Pesquisar neste blogue

[Opinião] Ninguém Escreve ao Coronel - Gabriel García Márquez

 



Título: Ninguém Escreve ao Coronel

Série: -

Autor: Gabriel García Márquez

Data de Leitura: 02/08/2020 ⮞ 02/08/2020

Classificação: ⭐


Sinopse

Publicado pela primeira vez em 1961, Ninguém Escreve ao Coronel é o segundo romance de Gabriel García Márquez, escrito durante a sua estada em Paris, onde trabalhava como correspondente de imprensa desde meados dos anos 50.

Num estilo puro e transparente, com uma economia expressiva excepcional que marcava já o seu futuro como escritor, García Márquez narra com brilho inaudito a história de uma injustiça e violência: um pobre coronel reformado vai ao porto esperar, todas as sextas-feiras, a chegada de uma carta oficial que responda à justa reclamação dos seus direitos por serviços prestados à pátria. Mas a pátria permanece muda…



Minha review no GoodReads




Gabriel García Márquez – Prémio Nobel da Literatura, 1982
"pelos seus romances e contos, em que o fantástico e o real se combinam num mundo densamente composto pela imaginação, reflectindo a vida e os conflitos de um continente."


É sempre bom regressar à escrita de Gabo.


Ninguém escreve ao Coronel foi escrito durante o seu exílio em Paris, no fim dos anos 50.

A história é simples, um Coronel reformado, a sua esposa asmática e um galo lutam pela sobrevivência enquanto os seus poucos bens vão desaparecendo.


O Coronel aguarda há quinze anos que a pensão prometida pelo governo chegue. Tinha participado na «revolução», ao lado Aureliano Buendía.

- Com quem falas - perguntou a mulher.

- Com o inglês disfarçado de tigre que apareceu no acampamento do coronel Aureliano Buendía - respondeu o coronel.


Vivem na mais profunda miséria.

O coronel destapou a caixa do café e verificou que não havia mais que uma colherinha. Tirou a panela do fogão, despejou metade da água no chão de terra, e com uma faca raspou o interior da caixa para dentro da panela até se soltarem as últimas raspas de pó de café misturadas com ferrugem da lata.


Há noites em que vão para a cama com fome, mas mesmo assim insistem em alimentar o galo, herança do falecido filho - Agustín.

Já várias vezes pus pedras a ferver para que os vizinhos não saibam que passamos muitos dias sem fazer comida.


Enquanto o Coronel tem o sonho de ganhar dinheiro com as lutas de galos, a mulher é mais pragmática.

- As ilusões não se comem - respondeu ela.

- Não se comem, mas alimentam - retorquiu o coronel.


Um livro curto cheio de criticas sociais e políticas, mas também com muita ironia e humor à mistura.