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[Opinião] Catarina, a Grande: Retrato de Uma Mulher - Robert K. Massie

    



         

Título: Catarina, a Grande: Retrato de Uma Mulher

Série: -

Autor: Robert K. Massie

Data de Leitura: 30/06/2020 ⮞ 09/09/2020

Classificação: 


Sinopse

Catarina, a Grande – Retrato de uma mulher é, antes de tudo, a história de uma pessoa solitária, que nunca gozou de afeto e amizade e, mesmo assim e por isso mesmo, viveu para amar e ser amada, sentimento sublimado pela adoção da Rússia como objeto de seu amor maior, e que teve como reflexos sua modernização – educacional e cultural – e expansão territorial, nos 34 anos em que governou, colocando-a como uma das maiores potências europeias do século XIX. O livro de Robert K. Massie traça um retrato da vida pessoal e pública de Catarina, com referências às próprias memórias da imperatriz e perfis de personagens importantes em sua vida, como a imperatriz Elizabeth, da Rússia, e seu amante e auxiliar Gregório Potemkin.


Catarina era filha de pequenos aristocratas germânicos – o pai, militar recluso e praticamente ausente, e a mãe, amargurada, carreirista e que nunca a amou. Oferecida para casar, aos 16 anos, com o futuro imperador da Rússia, ela começa então sua amarga trilha rumo à imortalidade e a um lugar no coração do povo russo, que lhe dedicou o afeto que nunca teve na vida pessoal. Extremamente inteligente e carismática, ela conquistou a população russa por ter feito questão de dominar a língua de seu futuro país e ter adotado a Igreja Cristã Ortodoxa como credo, deixando suas raízes protestantes na terra natal.

Tanta dedicação jamais foi suficiente para conquistar o afeto do marido, um homem fraco de mente e saúde, que jamais teve por ela sequer interesse sexual e a desafiava embriagando-se e desfilando abertamente com inúmeras amantes na corte. A ausência de sexo e, por conseguinte, de filhos alarmava a imperatriz Elizabeth, que não tinha herdeiros e via na união do casal a possibilidade de perpetuar a dinastia de Pedro, o Grande, de quem era filha, no trono. A solução não tardou a aparecer: um amante providenciou o rebento, Paulo, primogênito de Catarina. Mas sob o julgo e poder de Elizabeth, jamais lhe foi permitido exercer a maternidade: seu filho foi criado afastado dela e a relação entre os dois ficou abalada para sempre.

A oportunidade de chegar ao poder acontece anos depois, quando Elizabeth falece e o marido de Catarina sobe ao trono como Pedro III. Fraco, ele mergulha a Rússia numa bagunça sem fim e, seis meses depois, é destituído do trono por ela, que participa de um providencial golpe de Estado. Pedro morre misteriosamente dias depois, prisioneiro de aliados da imperatriz e, apesar de a História inocentá-la, Catarina tem o caráter maculado, sendo comparada a uma déspota sanguinária, a exemplo de Ivan, o Terrível.

Paralelamente ao caos absoluto que foi sua vida pessoal, com falta de amor e excesso de amantes – boa parte deles ocupando postos importantes em seu reinado –, Catarina eleva a Rússia ao status de potência. Na época em que subiu ao poder, o país era visto por seus parceiros europeus como exótico e atrasado, como diz o autor, “semi-asiático”. Durante o reinado de Catarina, o Império Russo modernizou-se com o apoio de intelectuais iluministas como Voltaire e Diderot, que aconselharam Catarina a investir em educação, arte e cultura. O desenvolvimento não foi apenas cultural. Catarina alargou as fronteiras da Rússia para o sul e para o ocidente, absorvendo a Crimeia, Ucrânia, Bielorrússia, Lituânia e Curlândia, ao custo de conflitos bem-sucedidos com o Império Otomano e a Primeira República da Polônia.



Minha review no GoodReads


Foi uma figura majestática na era da monarquia. A única que se igualou a ela num trono europeu foi Elizabeth I da Inglaterra. Na história da Rússia, ela e Pedro, o Grande, se destacaram pela capacidade e pelas realizações, em comparação com os outros 14 czares e imperatrizes nos trezentos anos da dinastia Romanov. Catarina deu continuidade ao legado de Pedro. Ele ofereceu à Rússia uma “janela para o Ocidente” na costa do Báltico, construindo uma cidade para se tornar sua capital. Catarina abriu outra janela, no mar Negro, onde Sebastopol e Odessa eram suas joias. Pedro importou tecnologia e instituições governamentais. Catarina trouxe da Europa filosofia moral, política e jurídica, literatura, arte, arquitetura, escultura, medicina e educação. Pedro criou a Marinha e organizou um Exército que derrotou um dos melhores militares europeus. Catarina fundou a maior galeria de arte da Europa, hospitais, escolas e orfanatos. Pedro cortou a barba e os longos mantos dos nobres. Catarina os persuadiu a tomar vacina contra a varíola. Pedro fez da Rússia uma grande potência. Catarina amplificou esse poder e desenvolveu uma cultura que, durante o século seguinte, produziu, entre outros, Derzhavin, Pushkin, Lermontov, Gogol, Dostoiévski, Tolstoy, Turgenev, Tchekov, Borodin, Rimsky-Korsakov, Mussorgsky, Glinka, Tchaikovsky, Stravinsky, Petipa e Diaghilev. Esses artistas e suas obras são parte do legado de Catarina à Rússia.