Translate

Pesquisar neste blogue

[Opinião] Memórias Póstumas de Brás Cubas - Machado de Assis


      

Título: Memórias Póstumas de Brás Cubas

Série: -

Autor: Machado de Assis

Data de Leitura: 15/11/2019 ⮞ 26/11/2019

Classificação: ⭐


Sinopse

Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), um dos principais romances da literatura brasileira, inaugura a fase madura de Machado de Assis e concretiza o ideal estético que consagrou o autor e marca sua obra. 

Revolucionário e provocativo, o romance rompe com tradições literárias e sintetiza a crítica machadiana à elite brasileira da época. Um dos personagens mais populares da nossa literatura, Brás Cubas é um defunto-autor que dedica sua obra ao verme que primeiro roeu as frias carnes de seu cadáver. O protagonista narra suas memórias, intercalando episódios, delírios, reflexões e teorias, não poupando ninguém do seu olhar crítico e expondo as atitudes mesquinhas que teve em vida. 

É definitivamente uma obra imperdível que, com linguagem fluente e coesa, conduz sedutoramente o leitor por uma narrativa que deixa nas entrelinhas muito material para reflexões mais profundas.


Minha review no GoodReads

 

Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver dedico como saudosa lembrança estas memórias póstumas.

Memórias Póstumas de Brás Cubas é uma narrativa confusa, sem uma ordem cronológica, onde o defunto resolve contar a história da sua vida – que não tem qualquer interesse – desde o nascimento até à sua morte.

Brás Cubas nasceu numa família abastada, era um filhinho de papai.
Na infância era uma criança endiabrada e mal-educada.
Na adolescência apaixonou-se por Marcela, uma prostituta que segundo ele:

Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis

Nunca foi amigo dos estudos, nem quando o pai o mandou para a Universidade de Coimbra. Formou-se e regressou ao Brasil.
Embora Brás Cubas faça parte de uma elite endinheirada e tenha sido um bon vivant a sua passagem na Terra é uma interminável sequência de fracassos. Chegamos ao fim da sua vida sem que tenha constituído família, sem filhos, sem ter produzido nada digno de ficar na história.

A qualidade da escrita de Machado de Assis é incontestável, mas como diz Brás Cubas no capítulo LXXI:

Mas o livro é enfadonho, cheira a sepulcro, traz certa contração cadavérica; vício grave, e aliás ínfimo, porque o maior defeito deste livro és tu, leitor. Tu tens pressa de envelhecer, e o livro anda devagar; tu amas a narração direta e nutrida, o estilo regular e fluente, e este livro e o meu estilo são como os ébrios, guinam à direita e à esquerda, andam e param, resmungam, urram, gargalham, ameaçam o céu, escorregam e caem...