Título: Relato de um Certo Oriente
Série: -
Autor: Milton Hatoum
Data de Leitura: 19/04/2018 ⮞ 22/04/2018
Classificação: ⭐⭐⭐⭐
Sinopse
Após um longo período de ausência, uma mulher regressa a Manaus, cidade de sua infância. Deseja encontrar Emilie, a extraordinária matriarca de uma família libanesa há muito radicada ali. Encontra a casa desfeita - como desfeitas para sempre estão as casas da infância.
Situado entre o Oriente e o Amazonas, este relato é a busca de um mundo perdido, que se reconstrói nas falas alternadas das personagens, longínquos ecos da tradição oral dos narradores orientais.
Com o sopro das obras que vieram para ficar, Relato de um certo Oriente apresenta ao público o talento de um escritor, a força de seu texto envolvente e, sobretudo, lírico.
Recebeu em 1990 o Prêmio Jabuti de Melhor Romance e já foi publicado em vários países da Europa.
"Não se resiste ao fascínio dessa prosa evocativa, traçada com raro senso plástico e pendor lírico: viagem encantatória por meandros de frases longas e límpidas, num ritmo de recorrências e remansos." (Davi Arrigucci Jr.)
Minha review no GoodReads
Uma agradável surpresa! A escrita de Hatoum é maravilhosa e envolvente.
Não se trata de uma história sobre o Oriente mas sim um relato que se inicia no Oriente e continua em Manaus, uma capital que se separa da floresta pelas águas fluviais e situa-se num estado que faz fronteira com três outros países.
É através de 8 capítulos que vamos conhecendo a vida de uma família de ascendência libanesa, as suas histórias, conflitos, encontros, diversidade de costumes, línguas, e a convivência entre indivíduos de diferentes nacionalidades.
A narradora, cujo nome não sabemos, é uma mulher que visita a cidade da sua infância depois de ter passado cerca 20 anos fora, e chega justamente na noite que precede a morte de Emilie, sua mãe adoptiva.
Com o objectivo de enviar uma carta a um irmão, que se encontra em Barcelona, a fim de lhe revelar a morte de Emilie, acaba escrevendo um relato com depoimento de membros da família e de amigos. Uma viagem à memória, com regresso à infância e aos factos marcantes da vida familiar.
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"Compreendi, com o passar do tempo, que a visão de uma paisagem singular pode alterar o destino de um homem e torná-lo menos estranho à terra em que ele pisa pela primeira vez."
"Uma cidade não é a mesma cidade se vista de longe, da água: não é sequer cidade: falta-lhe perspectiva, profundidade, traçado, e sobretudo presença humana, o espaço vivo da cidade. Talvez seja um plano, uma rampa, ou vários planos e rampas que formam ângulos imprecisos com a superfície aquática."
"Quando alguém permanece um bom tempo calado, se não estiver dormindo deve estar pensando no amor ou na morte."