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[Opinião] Hoje Preferia Não Me Ter Encontrado - Herta Müller

 



Título: Hoje Preferia Não Me Ter Encontrado

Série: -

Autor: Herta Müller

Data de Leitura: 10/08/2018 ⮞ 17/08/2018

Classificação: 


Sinopse

«Fui intimada.» Na viagem de elétrico que a leva às instalações da Polícia Secreta, hora marcada, dez em ponto, a jovem narradora vê a sua vida passada em revista: a infância na cidade de província, a fixação semierótica no pai, a deportação dos avós, o casamento ingénuo com o filho do «comunista perfumado», a felicidade precária que vive com Paul, apesar do fardo que a bebida impõe ao amor que ela lhe dedica. No exterior: marcações intransigentes, paragens, passageiros que entram e saem, o desfilar das ruas. Tudo pretende distrair a sua atenção, que constantemente regressa ao ponto de partida: «Fui intimada.» Quase chegada ao destino, levanta-se de repente uma altercação no carro elétrico que leva o guarda-freio a saltar precisamente a paragem em que devia sair. Vê-se então numa rua desconhecida, onde descobre Paul com um velho de aspeto suspeito. Decide então não comparecer ao interrogatório.



Minha review no GoodReads


 

Herta Müller – Prémio Nobel da Literatura, 2009
”que, com a densidade da sua poesia e franqueza da prosa, retrata o universo dos desapossados”




Herta Müller nasceu em Niţchidorf, uma aldeia maioritariamente alemã, na Roménia.
O pai foi membro das Waffen-SS, a tropa de elite chefiada por Himmler na II Guerra Mundial.
A mãe foi deportada para a União Soviética, onde passou 5 anos, como trabalhadora rural.

Herta Müller estudou literatura alemã e romena na Universidade de Timisoara e fez parte do Aktionsgrupp Banat, um círculo de jovens germanófonos de oposição ao regime de Nicolae Ceauşescu (1974-1989) que defendiam a liberdade de expressão. Trabalhou como tradutora numa indústria mas a sua recusa em colaborar com a Securitate valeu-lhe um despedimento e a perseguição da polícia secreta.
Actualmente vive em Berlim.

Hoje Preferia Não Me Ter Encontrado é narrado na primeira pessoa e é a história de uma mulher, sem nome, na Roménia comunista.


“Fui intimada. Quinta-feira, dez em ponto.
Sou intimada cada vez mais vezes: terça-feira, dez em ponto, sábado, dez em ponto, quarta-feira, segunda-feira.”

Com uma certa regularidade esta mulher é intimada para prestar depoimento nas instalações da polícia secreta. O depoimento é conduzido pelo Major Albu, cuja função é descobrir mulheres que traem a pátria.
É numa dessas viagens de eléctrico – com uma duração de cerca de 1h30m – que de uma forma não linear a protagonista vai resumindo a sua vida. As temáticas abordadas são a infância na província, a fixação no pai, a deportação dos avós, o primeiro casamento com o filho do “comunista perfumado”, a amizade com Lilli, até ao difícil relacionamento que tem com o alcoólico Paul.

É uma viagem angustiante e que em alguns momentos me lembrou O Processo de Franz Kafka.



Roménia