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[Opinião] Antes do baile verde - Lygia Fagundes Telles

 



Título: Antes do baile verde

Série: -

Autor: Lygia Fagundes Telles

Data de Leitura: 20/05/2018 ⮞ 23/05/2018

Classificação: 


Sinopse

Reunião de narrativas escritas entre 1949 e 1969, Antes do baile verde é considerado por muitos críticos o livro de contos literariamente mais bem-sucedido de Lygia Fagundes Telles.

As situações narradas são as mais diversas. Em "A caçada", um homem fica a tal ponto intrigado com uma velha tapeçaria encontrada num antiquário que acaba por mergulhar na cena retratada na peça, como se tivesse participado dela numa outra vida ou numa outra dimensão. Já no macabro "Venha ver o Pôr-do-Sol", um rapaz leva sua ex-namorada a um jazigo de família abandonado. Conflitos amorosos também são tema de "Apenas um Saxofone", "Um Chá bem Forte e Três Xícaras", "O Jardim Selvagem" e "As Pérolas". Mas o enfoque é sempre diverso e surpreendente. Em "O Menino", por exemplo, uma infidelidade conjugal é observada de modo oblíquo, pelos olhos de um garoto que vai ao cinema com a mãe.

Mas o escopo humano e literário de Lygia não se restringe aos dramas de casais. "Natal na Barca" é uma pequena parábola, com final epifânico. "Meia-noite em Ponto em Xangai" é o balanço que uma prima-dona da ópera faz de sua vida solitária e vazia. Em "O moço do Saxofone" um motorista de caminhão hesita em ir para a cama com uma mulher casada numa pensão de beira de estrada. Em "A Janela", um louco visita um bordel dizendo que é a casa onde seu filho morreu.

Com sua prosa segura e elegante, alternando com desenvoltura gêneros e vozes narrativas, a autora expõe aqui no mais alto grau sua capacidade de seduzir e emocionar o leitor.



Minha review no GoodReads

Lygia Fagundes Telles, São Paulo - 19 de Abril de 1923, é considerada a primeira dama da literatura brasileira e a grande representante do pós-modernismo. É membro da Academia Brasileira de Letras e da Academia de Ciências de Lisboa. Entre os muitos prémios que recebeu destaco as quatro vezes com o Prêmio Jabuti (1966, 1974, 1996 e 2001) e uma vez com o Prémio Camões(2005). Em 2016 foi a primeira mulher brasileira a ser indicada para o Prémio Nobel da Literatura.

Antes do Baile Verde é um livro de contos.
Inicialmente esta compilação era composta por 16 contos, posteriormente passou para 20 e agora, nesta edição da Companhia das Letras cuja versão é definitiva por desejo da autora, são 18 contos escritos entre 1944 e 1969.
É um livro incrível. A narrativa é intimista, a linguagem é rica, cheia de detalhes e subtilezas. Os contos são episódios do dia-a-dia, simples e sem grandes enredos mas cheios de alma e sentimento, mostram as nossas falhas, os nossos desassossegos, os nossos desejos, transitam entre o amor e o ódio, a vida e a morte, o ciúme e a insegurança.

No posfácio Antonio Dimas resume de forma soberba a escrita de Lygia.

“A grande dama não conta: ela murmura, fala baixinho. Aproxima-se do leitor como seus gatos, de que ela gosta tanto. Parece até que são apenas estórias em torno daquelas mesas de barzinhos refinados, em fim de tarde de verão. Não as mesinhas da calçada, propícias ao chope, à algazarra, à voz elevada. Mas aquelas protegidas pelo ar-condicionado e pela luz indireta, nem um pouco solar. Não se engane com essa sinuosidade felina, felpuda. Não vá na conversa, não relaxe. Fique esperto. Porque, quando você menos espera, as unhas retráteis aparecem e, logo depois delas, o risco na carne, o filetinho de sangue escorrendo. Nada muito profundo, mas o suficiente para incomodar, na hora e por tempo extenso, cravadas na memória. O suficiente para se lembrar de que, nas próximas vezes, você não deve se aproximar tão desguarnecido e confiante, porque o bote pode vir, quando menos se espera, não se sabe de onde. A cada aproximação, um aprendizado, independentemente do conto que você escolha. Fique esperto! Não confie no ron-ron de Lygia Fagundes Telles.”

Contos favoritos:
Verde Lagarto Amarelo
Apenas um Saxofone
Venha ver o Pôr do Sol
O Menino