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[Opinião] A Maledicência - Rosa Ventrella

 



Título: A Maledicência

Série: -

Autor: Rosa Ventrella

Data de Leitura: 10/02/2024 ⮞ 18/02/2024

Classificação: 


Sinopse

Teresa e Angelina são duas irmãs diferentes em tudo: a primeira, a narradora desta história, é tão mais delicada, reservada e silenciosa, quanto a segunda, e mais nova, é cheia de vida, curiosa e impertinente.

Estamos no início dos anos 40, em Cupertino, nas terras de Arneo, uma extensão imensa de campos cultivados no coração da Apúlia. É aqui que ambas crescem, numa família de camponeses, pobres mas cheios de recursos. Os seus avós são exímios contadores de histórias: com eles, defronte da lareira, salteadores, lobos e bruxas ganham vida; à sua mãe, Caterina, calhou-lhe em sorte uma beleza mourisca e orgulhosa, que captura o olhar de todos os homens, incluindo o do latifundiário mais importante da aldeia. «A tua beleza é uma condenação», repete-lhe constantemente a avó Assunta. Uma beleza, e uma condenação, que passaram em herança para Angelina.

Quando o pai parte para a guerra deixando as três mulheres sozinhas, Caterina não tem outra arma senão a sua beleza para sobreviver, e será obrigada a ceder a um terrível compromisso. Depois disso, começa a ser perseguida pela maledicência, pelo coscuvilhar das más-línguas. Esta vergonha, que infecta toda a família, terá em Angelina um efeito contrário: ela, que não suporta viver na pobreza, irá procurar impudentemente um amor igual ao das histórias de encantar.


Minha review no GoodReads

Copertino, Lecce, Puglia, Italia – no mapa fica mais ou menos na parte final do salto da bota.



Maledicência, calúnia, detração, difamação, má-língua, murmúrio.


Agora sei por que razão restei eu: para contar a história de todos nós. Devagarinho – como dizia a avó Assunta –, começando do princípio.

– E por onde é que vais começar? – pergunta-me o meu pai.

(…)

– Pela maledicência – respondo-lhe. É por aí que tenho de começar. Quando ela se insinuou nas nossas vidas



Teresa, a filha mais velha de Caterina e Nardino Sozzu, é a narradora desta história, apesar de ser tranquila, reservada e silenciosa por natureza.


O avô Armando tinha o dom de narrar. O meu pai o do silêncio. A avó Assunta o da sabedoria camponesa. A minha mãe e a minha irmã, a beleza. E eu?

(…)

Durante grande parte da minha infância fiquei apenas a observar.


Angelina, a irmã mais nova, é o oposto. É uma rapariga rebelde, impulsiva, cheia de sonhos, ambições, vitalidade, curiosidade e arrogância.


Duas irmãs tão diferentes e ainda assim tão próximas, ligadas por um profundo sentimento.


Teresa narra a saga da família Sozzu e mostra-nos uma Apúlia pouco conhecida, desde a II Guerra Mundial até às revoltas camponesas dos anos 50 contra os latifundiários para obter terras para cultivar. É durante este período que se desenrolam as vidas destas mulheres que enfrentam as calúnias e a maledicência que atingem as suas vidas. É uma memória pessoal mas também colectiva, é uma história nostálgica e amarga mas também de resiliência e força. É uma história de amor e ódio por uma terra bonita, mas pobre e vítima do poder dos ricos, um pouco como todo o sul da Itália.