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[Opinião] Cai a Noite em Caracas - Karina Sainz Borgo

 



Título: Cai a Noite em Caracas

Série:  -

Autor: Karina Sainz Borgo

Data de Leitura: 18/01/2024 ⮞ 21/01/2024

Classificação: 


Sinopse

Caracas, Venezuela: Num país que antes da crise era a terra dos sonhos, da beleza e da prosperidade e que agora está esgaçado pela corrupção, pela criminalidade e pela repressão, Adelaida procura apenas sobreviver. A sua mãe, professora, grande companheira de toda a vida, acaba de morrer de uma doença prolongada. Adelaida, de trinta e oito anos, fica sem nada, sem ninguém, à deriva numa cidade em que tudo falta, menos a violência e a extorsão.


Poucos dias depois do funeral, Adelaida encontra a sua casa ocupada por um grupo de mulheres às ordens do regime. Decide procurar refúgio na casa da vizinha, mas quando bate à porta só recebe silêncio. Aurora Peralta, a quem todos chamam "a filha da espanhola", está morta no chão da sala. Em cima da mesa, está uma carta a informá-la da concessão do passaporte espanhol: um salvo-conduto para fugir do inferno.


Para sobreviver, Adelaida terá de deixar de ser quem é.


Cai a Noite em Caracas é o retrato de uma mulher que, frente a uma situação extrema, terá de transformar-se, renegar o pasado para se agarrar a uma nova vida. É a história de muitas outras mulheres, muitos outros homens, crianças, velhos, encurralados num país em que a violência, a miséria e a traição marcam o ritmo diário da existência. Um romance extraordinário, que anuncia uma grande promessa na literatura em espanhol.



Minha review no GoodReads

 

Sobreviver faz parte do horror que acompanha quem foge.

O mundo de Adelaida Falcón desmorona após a morte da mãe, deixando-a completamente sozinha. A história desenrola-se num contexto político conturbado na Venezuela, onde até mesmo morrer torna-se uma tarefa dispendiosa. A falta de alimentos e bens de necessidade básica agrava ainda mais a situação, tornando o país sombrio e desprovido de beleza.

Com a fome, surgiu a longa lista de ódios e de medos. Demos por nós a desejar mal ao inocente e ao carrasco. Éramos incapazes de os distinguir.

Adelaida, ao perder a sua casa para um grupo de mulheres, procura refúgio na residência da vizinha, Aurora Peralta.


Aurora Peralta era um cadáver e eu, Adelaida Falcón, a sobrevivente. Unia-nos um estame invisível. Um cordão umbilical imprevisto entre vivos e mortos.


É um livro sobre luto, sobre perda, não apenas de pessoas, mas também de um país ingovernável, “pobre” e violento.