Título: A Escrava Açoriana: A irreverência de uma mulher em tempos de incerteza
Série: -
Autor: Pedro Almeida Maia
Data de Leitura: 07/01/2024 ⮞ 09/01/2024
Classificação: ⭐⭐⭐
Sinopse
No ano da Graça de 1873, o mundo pertence aos homens que cospem para o chão. Açorada por partir, Rosário oculta-se num enorme capote e capucho negro, tal como a maioria das mulheres. É uma adolescente irreverente, do contra, e desafia todas as convenções masculinas: rouba, corre descalça, luta com os punhos e até beija em público. No final do dia, lê Camilo e reza o terço com a mãe.
As Ilhas Adjacentes são um misto de encanto e de escassez, afastadas do Reino e das promessas da Coroa. Os engajadores brasileiros aliciam os açorianos a viajar para o Império, com promessas de riqueza. A família de Rosário entrega tudo o que possui e embarca na escuridão.
Mas a viagem no navio é calamitosa, uma nuvem de pessoas atoladas na própria imundície, e a chegada ao Rio de Janeiro oferece desafios inesperados. Rosário vive como uma escrava e vê o futuro esfumar-se. Perde o rumo, a virgindade e a esperança. Precisa de reagir, mas isso implica tornar-se uma pessoa totalmente diferente.
Minha review no GoodReads
3,5 ⭐️
Dividi o livro em duas partes.
A primeira conta a história de Rosário, uma jovem de 15 anos que emigrou de Ponta Delgada para o Brasil com a mãe. No Rio de Janeiro, Rosário foi vendida como escrava e forçada à prostituição. Durante sete anos, ela sofreu, desgostou-se, lutou e perseverou.
A segunda parte conta a vida de Rosário após seu regresso aos Açores. Em alguns momentos, pode parecer apenas uma lista de acontecimentos que poderiam ter sido mais explorados, principalmente no que toca à forma como Rosário lutou contra uma sociedade machista, preconceituosa e discriminatória.
É simples: eles nada sabem sobre nós! Não sabem que ser mulher é vestir a coragem e a sensibilidade, saber tocar tanto a magia como o sólido, equilibrar o desejo com a justeza. Não sabem que ser mulher é ser mãe do mundo.
Gostava de ter visto um maior desenvolvimento dos assuntos abordados, traria uma maior riqueza à segunda parte da história, até porque Rosário é uma personagem irreverente, corajosa, complexa e inconformada, que busca a felicidade.
A escrita do autor é rica e expressiva, e o uso dos regionalismos açorianos dá-lhe um toque de autenticidade e originalidade.