Translate

Pesquisar neste blogue

[Opinião] Esse Cabelo - Djaimilia Pereira de Almeida


Título: Esse Cabelo

Série: -

Autor: Djaimilia Pereira de Almeida

Data de Leitura: 13/03/2022 ⮞ 20/03/2022

Classificação: 


Sinopse

O que se passa por dentro das cabeças é mais importante do que o que se passa por fora? Falar de cabelos é sempre uma futilidade? Não necessariamente, até porque, segundo a narradora deste texto belo e contundente, «escrever parece-se com pentear uma cabeleira em descanso num busto de esferovite» e visitar salões é uma boa forma de conhecer países, de aprender a distinguir modos e feições e até de detectar preconceitos.

Esta é a história de uma menina que aterrou despenteada aos três anos em Lisboa, vinda de Luanda, e das suas memórias privadas ao longo do tempo, porque não somos sempre iguais aos nossos retratos de infância; mas é também a história das origens do seu cabelo crespo, cruzamento das vidas de um comerciante português no Congo, de um pescador albino de M’banza Kongo, de católicas anciãs de Seia, de cristãos-novos maçons de Castelo Branco - uma família que descreveu o caminho entre Portugal e Angola ao longo de quatro gerações com um à-vontade de passageiro frequente. E, assim, ao acompanharmos as aventuras deste cabelo crespo - curto, comprido, amado, odiado, tantas vezes esquecido ou confundido com o abismo mental -, é também à história indirecta da relação entre vários continentes - a uma geopolítica - que inequivocamente assistimos.



Minha review no GoodReads

Há uns tempos ouvi o episódio do podcast Cruzamentos Literários com Djaimilia Pereira de Almeida, e gostei tanto que resolvi conhecer a obra da autora. Antes de me aventurar nas duas obras premiadas, Luanda, Lisboa, Paraíso e A Visão das Plantas, achei por bem começar por este pequeno livro.


Djaimilia escreve muito bem, num português irrepreensível e com um toque poético, mas só isso não chega para dar interesse à história.

Esse cabelo é mais do que o cabelo crespo da Mila, é sobre adaptação, aceitação, racismo, questões de identidade (birracial), colonialismo, enfim… assuntos na ordem do dia, mas que não conseguiram ter o impacto pretendido.

É um romance, mas pareceu-me um coletânea de crónicas cuja estrutura dificulta a concentração no texto.


Visitar salões tem sido um modo de visitar países e aprender a distinguir feições e maneiras, renovando preconceitos. O Senegal são umas mãos hidratadas, Angola um certo desmazelo, uma graça brutal, o Zaire um desastre, Portugal uma queimadura de secador, um arranhão de escova.