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[Opinião] 2666 - Roberto Bolaño

 


Título: 2666

Série: -

Autor: Roberto Bolaño

Data de Leitura: 18/08/2012 ⮞ 04/06/2013

Classificação: ⭐


Sinopse

O que liga quatro germanistas europeus (unidos pela paixão física e pela paixão intelectual pela obra de Benno von Archimboldi) ao repórter afro-americano Oscar Fate, que viaja até ao México para fazer a cobertura de um combate de boxe? O que liga este último a Amalfitano, um professor de filosofia, melancólico e meio louco, que se instala com a filha, Rosa, na cidade fronteiriça de Santa Teresa? O que liga o forasteiro chileno à série de homicídios de contornos macabros que vitimam centenas de mulheres no deserto de Sonora? E o que liga Benno von Archimboldi, o secreto e misterio-so escritor alemão do pós-guerra, a essas mulheres barbaramente violadas e assassinadas?


2666. Para se ler sem rede, como num sonho em que percorremos um caminho que nos poderá levar a todos os lugares possíveis.


Minha review no GoodReads

290 dias e muitas horas depois…


O que dizer de 2666?

Para começar o título. Quer dizer nada e tudo ao mesmo tempo e no final fica apenas como misterioso!


2666 tem um ritmo lento, quase parado (até o desenvolvimento das personagens é lento), que nos obriga a uma leitura mais cuidadosa, com muita concentração.


O romance está dividido em 5 partes:


A parte dos críticos (pág 15 à 192)

é a história de quatro académicos/críticos europeus (um espanhol, um francês, um italiano e uma inglesa) que em conjunto se dedicam a estudar e a procurar Benno von Archimboldi, um escritor alemão do qual não se conhecem fotos e que apenas algumas pessoas assumem ter conhecido mas que ao que parece está sempre nos fortes candidatos a ganhar o prémio Nobel. Tudo se concentra nas relações entre os quatro, nas viagens, congressos e até no triângulo amoroso que surge e que acaba por fazer esquecer Archimboldi. De qualquer forma antes mesmo desta parte acabar o interesse já desapareceu. Há parágrafos longos que se arrastam por páginas e páginas, com diálogos indirectos e um sem número de histórias paralelas com muito pouco interesse e que não nos levam a lugar nenhum.

Nesta parte dos críticos podemos assistir a momentos em que a literatura é glorificada e noutros em que é Bolaño a rebaixa. Fico com a ideia de que tudo isto serve para Bolaño largar o fel contra os intelectuais europeus.


A parte de almafitano (pág 195 à 268)

Almafitano surge ainda na parte dos críticos mas é aqui que ficamos a saber quem é almafitano, que vive imerso nos seus problemas existenciais, que ouve vozes que lhe dizem para pendurar um livro no estendal da casa que compartilha com a sua filha Rosa, como foi parar a Santa Teresa, como foi abandonado pela mulher. Enfim, 73 páginas perfeitamente dispensáveis.


Como até aqui a leitura não estava a correr como esperava, resolvi fazer uma PAUSA. Uns meses podiam modificar a visão que estava a ter do livro.


Em Março 2013 resolvi retomar a leitura e passei para:


A Parte de Fate (pág 271 à 406)

enquanto as outras duas partes têm pontos de ligação entre si esta parte de Fate parece que iniciámos um livro novo, bem mais ao estilo policial, com algum mistério e cenários um pouco sórdidos. Fate é um jornalista desportivo que é destacado para cobrir um evento de Boxe (algo que detesto) em Santa Teresa. Fate é um homem que não pára quieto! Anda tanto de um lado para o outro que ficamos cansados só de ler as descrições sobre a cidade, os locais onde vai, onde come etc. Toma conhecimento dos crimes ocorridos em Santa Teresa e acaba por envolver-se com o narcotráfico local e com Rosa Amalfitano.


A Parte dos Crimes (pág 409 à 727)

mais uma reviravolta. A linguagem de Bolaño altera-se nestas 318 páginas onde são descritos os inúmeros crimes que ocorreram em Santa Teresa. São descritos os crimes ocorridos entre 1993 e 1997, crime a crime, com a descrição dos mesmos (segundo os especialistas em Medicina Legal), o estado em que se encontravam os cadáveres das vitimas, vitimas essas entre os 10 e os 40 e poucos anos. É talvez a parte mais fria e cruel sem ponta de paixão e piedade. HORRÍVEL!

Também aqui somos confrontados com algumas histórias paralelas que não acrescentam grande coisa ao romance.


A Parte de Archimboldi (pág 731 à 1.030)

na quinta história somos testemunhas das origens, antecedentes familiares e até da infância do misterioso de Benno von Archimboldi. Aqui podemos encontrar algumas respostas que ficaram em aberto durante todo o livro.


Para mim é um monumento de total insanidade escrito em 1.032 páginas de verdadeira loucura que ainda para mais pesa 1.474g e não dá jeito nenhum para ler. Aliás devia vir com um manual de exercícios(aquecimento e alongamentos) para os pulsos e para as mãos porque esta coisinha é capaz de provocar lesões. Aliás se um dia me assaltarem a casa tenho nesta obra um bom objecto de arremesso. Pode ser que o ladrão goste mais dele do que eu.


As críticas são as melhores, uma obra-prima, e bábláblá mas...detestei, detestei tanto que fica no top dos piores livros de sempre.

No fundo estas 1.032 páginas são 5 romances que bem podiam ter sido editados em 5 livros separados como era desejo do autor. Eu só tinha comprado o 1º e ficava por aí. A minha biblioteca agradecia!