Título: Terra Devastada
Série: -
Autor: T.S. Eliot
Data de Leitura: 18/12/2017 ⮞ 20/12/2017
Classificação: ⭐⭐⭐⭐⭐
Sinopse
"Poucas dúvidas apresentará, a não ser para alguém com um projecto poético muito específico e muito estrangulado (o que pode não o impedir de ser meritório, em poesia é sempre assim) que, ao ter em conta a globalidade poética do século XX, A Terra Devastada de T.S. Eliot é o poema cimeiro deste século."
Joaquim Manuel Magalhães, In Expresso, 25 de Setembro de 2004
Minha review no GoodReads
T.S. Eliot - Prémio Nobel da Literatura, 1948
"por sua contribuição pioneira e notável à poesia contemporânea"
Thomas Stearns Eliot, a.k.a. T.S. Eliot, nasceu nos Estados Unidos da América mas mudou-se para Inglaterra aos 25 anos.
Como ele próprio diz: “Minha poesia não seria o que é se eu tivesse nascido na Inglaterra, e não seria o que é se eu tivesse permanecido nos Estados Unidos. É uma combinação de coisas. Mas, nas suas fontes, na sua força emocional, ela vem dos Estados Unidos.”
Estudou letras clássicas, língua e literatura francesas, filosofia, literatura sânscrita e filologia indiana. Foi crítico, ensaísta, poeta, dramaturgo e possuía uma cultura que ia desde as religiões orientais a Dante, Shakespeare, filosofia cristã e conhecimentos clássicos. Encontramos todos estes elementos em A terra Devastada. Definia-se “um anglo-católico em religião, um classicista em literatura e um monarquista em política”.
A Terra Devastada é um longo texto dividido em cinco partes e foi considerado por muitos críticos o mais importante poema do século XX.
Embora não seja de leitura fácil é uma daquelas obras a que quero regressar, principalmente pelas incontáveis referências que utiliza e que gostaria de ter tempo para pesquisar.
Por exemplo, logo no início que é dedicado a Ezra Pound:
“Nam Sibyllam quidem Cumis ego ipse oculis meis vidi in ampulla pendere, et cum illi pueri dicerent: Σίβυλλα τί θέλεις; respondebat illa: ἀποθανεῖν θέλω.
"For with my own eyes I saw the Sibyl hanging in a bottle, and when the young boys asked her, 'Sibyl, what do you want?', she replied, 'I want to die”
Lá fui eu ter com o tio Google para ele me dizer quem é que era essa tal de Sybillam quidem Cumis . No fim do livro, ou melhor começando na página 51 e terminando na 65, há notas sobre A Terra Devastada e que nos remetem para uma série de outras obras como por exemplo: Metamorfoses, A Divina Comédia de Dante Alighieri, Odisseia, Santo Agostinho e muitos outros.
A devastação e a destruição são constantes ao longo do livro, de tal forma que me questiono se não estaremos nós (civilização) sempre a caminhar obsessivamente nessa direcção?
Embora tenha gostado muito de todos os poemas, este, por ser curto e simples, ficou como o favorito:
IV. Morte pela Água
Phlebas, o Fenício, morto há duas semanas,
Esqueceu o grito das gaivotas, e a ondulação das profundidades
E os Iucros e as perdas.
Uma corrente submarina
Apanhou em sussurro os ossos dele. Ao subir e descer
Passou os estádios da sua idade e da sua juventude
Enquanto entrava no redemoinho.
Gentio ou Judeu
Oh tu que rodas o leme e olhas a barlavento,
Lembra-te de Phlebas, que foi em tempos belo e alto como tu.
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IV. Death by Water
Phlebas the Phoenician, a fortnight dead,
Forgot the cry of gulls, and the deep seas swell
And the profit and loss.
A current under sea
Picked his bones in whispers. As he rose and fell
He passed the stages of his age and youth
Entering the whirlpool.
Gentile or Jew
O you who turn the wheel and look to windward,
Consider Phlebas, who was once handsome and tall as you.