Título: A Ilustre Casa de Ramires
Série: -
Autor: Eça de Queirós
Data de Leitura: 21/11/2017 ⮞ 08/12/2017
Classificação: ⭐⭐⭐
Sinopse
Já desde séculos se perdera a memória do lugar que ocupava aquela torre nas complicadas fortificações da Honra e Senhorio de Santa Ireneia. Não era decerto (segundo padre Soeiro) a nobre torre albarrã, nem a de alcáçova, onde se guardava o tesouro, o cartório, os sacos tão preciosos das especiarias do Oriente — e talvez, obscura e sem nome, apenas defendesse algum ângulo de muralha, para os lados em que o castelo enfrontava com as terras semeadas e os olmedos da Ribeira. Mas, sobrevivente às outras mais altivas, compreendida nas construções do paço formoso que se erguera de entre o sombrio castelo afonsino, e que dominava Santa Ireneia durante a dinastia de Avis, ligada ainda por claras arcarias dum terraço ao palácio de gosto italiano, em que Vicente Ramires converteu o paço manuelino depois da sua campanha de Castela; isolada no pomar, mas sobranceando o casarão que lentamente se edificara depois do incêndio do palácio em tempo de el-rei D. José, e a derradeira certamente onde retiniram armas e circularam os homens do terço dos Ramires — ela ligava as idades e como que mantinha, nas suas pedras eternas, a unidade da longa linhagem. Por isso o povo lhe chamara vagamente a «Torre de D. Ramires».
Minha review no GoodReads
Esta leitura não começou, nem acabou, da melhor forma. Há muito tempo que não lia algo que me aborreceu mais do que satisfez. Achei tudo muito confuso, lia duas páginas e já não me lembrava do que estava para trás.
As personagens também não ajudaram em nada:
Gonçalo Ramires é detestável, oh fidalgo decadente, chato, incoerente, interesseiro, e nem a sua regeneração me convenceu.
Titó, António Vilalobos, é uma personagem divertida.
André Cavaleiro um arrogante e oportunista, mais uma personagem detestável.
Gracinha, uma parvinha.
As irmãs Lousada umas cuscas, como tantas que certamente todos nós conhecemos.
"e na desditosa cidade não existia nódoa, pecha, bule, rochedo, coração dorido, algibeira arrasada, janela entreaberta, poeira a um canto, vulto a uma esquina, chapéu estreado na missa, bolo encomendado nas Matildes, que os seus quatro olhinhos furantes de azeviche logo não descortinassem e que a sua solta língua, entre os dentes ralos não comentasse com malícia estridente!".
Eça nunca desilude. A lucidez como analisa Portugal e a sociedade portuguesa é de uma perspicácia e sagacidade avassaladoras, juntando a isto a riqueza de vocabulário (tive que recorrer ao "amansa burro" umas quantas vezes) e as descrições minuciosas e fica difícil dar menos que 3 estrelas.